Haddad diz não entender reviravolta de Motta no IOF
Câmara e Senado derrubaram decreto que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil e Marina Ramos/Câmara dos Deputados
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), disse não entender a mudança de postura do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), sobre as negociações que envolvem o aumento de alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Nesta semana, a Câmara e o Senado derrubaram o decreto do governo federal que aumentava o IOF, o que surpreendeu a equipe econômica. No início deste mês, Haddad debatia alternativas sobre a elevação do imposto em reunião com Motta e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), além de outros líderes partidários. No entanto, o presidente da Câmara pautou a votação e derrubou as mudanças no IOF para esta semana, mesmo com o Congresso esvaziado por conta das festividades juninas.
Em entrevista à Globonews, o ministro esclareceu detalhes sobre a decisão:
"Depois de várias reuniões com o presidente da República e os presidentes das duas Casas, nós levamos para o conjunto de líderes esses dispositivos que foram traduzidos em um novo decreto e em uma Medida Provisória [MP], minuciosamente apresentados durante 5 horas de reunião em um domingo. Isso não implicava que a MP seria aprovada. Não é isso que eu estou falando. Depois do domingo, eu não sei o que aconteceu. Não fui informado por nenhum dos participantes da reunião sobre as razões da mudança de comportamento", relatou.
Haddad também cita que não conseguiu compreender a situação que Motta conduziu.
"Eu saí da casa do presidente Hugo Motta com a certeza de que havíamos dado um encaminhamento para as questões que seriam debatidas. Ninguém ali tinha fechado questão, mas havia um encaminhamento. Não saí de lá com a sensação de que estava tudo resolvido, mas com a sensação de que estava 100% resolvido o encaminhamento tanto da MP quanto do decreto do IOF. O que aconteceu depois, eu não sei, eu não consigo entender", contou.
Ao ser questionado sobre a resistência do Congresso às mudanças no IOF e correlacionar com as eleições de 2026, Haddad disse que o Legislativo aprovou uma série de projetos da agenda econômica.
"O Congresso fez essa agenda andar, a ponto de nós cumprirmos metas de resultado primário, a LDO [Lei de Diretrizes Orçamentárias], sempre compartilhei a reforma tributária. Sem o Congresso, nada disso teria sido possível. Raramente houve um conflito maior, como na desoneração. Foi a única controvérsia que até agora não foi dirimida. Tirando esse único caso, onde mais as coisas empataram? Tudo andou. Uma economia com a menor taxa de desemprego da história, com a inflação em queda, com o dólar em queda… a quem interessa estragar esse cenário? Só por razões eleitorais?", questionou.
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