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Haddad diz que tarifas são 'tiro no pé' dos EUA e vê crise como chance para Brasil fazer reformas

Haddad chamou a ação americana de "ingerência indevida" e "intromissão descabida"

Por FolhaPress
Às

Haddad diz que tarifas são 'tiro no pé' dos EUA e vê crise como chance para Brasil fazer reformas

Foto: José Cruz/Agência Brasil

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, classificou como um "tiro no pé" a decisão dos Estados Unidos de impor sobretaxas sobre produtos brasileiros, em especial commodities. Para o ministro, a medida é impensada e penaliza o consumidor americano, pois encarece o "café da manhã, o almoço e o jantar" da população.

Haddad chamou a ação americana de "ingerência indevida" e "intromissão descabida".

O ministro diz que a guerra comercial é uma oportunidade para o Brasil avançar em mudanças estruturais. "É um momento auspicioso, em que podemos fazer o que nunca tivemos coragem de enfrentar", afirmou em entrevista ao canal ICL no YouTube, nesta terça-feira (23).

Segundo Haddad, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi surpreendido pela queda nas exportações, mas o governo reagiu rapidamente. Um plano de contingência via BNDES foi colocado em prática 15 dias após o anúncio das tarifas para atender empresas com condições especiais.

O ministro disse que mais da metade das commodities afetadas já foi redirecionada para outros mercados e que dois terços das exportações brasileiras não foram atingidas pelas sanções. Ele destacou o papel de Lula, que tem feito um "trabalho de mascate" para realocar exportações, e garantiu que o país não terá dificuldade de encontrar compradores, devido à qualidade dos produtos.

Ele enfatizou que a questão está nas mãos da Justiça brasileira, não sendo um assunto do Executivo. Haddad afirmou que a decisão americana não tem base política nem econômica, e que "só pode estar baseada em desinformação".

REFORMAS ESTRUTURAIS E COMBATE À DESIGUALDADE
Haddad compartilhou o sentimento de que crises representam o rearranjo das peças no tabuleiro. Ele afirmou que o Brasil está aproveitando este momento para implementar a maior reforma tributária da história e para corrigir distorções que favorecem o "andar de cima" por meio da litigância contra o Estado.
Ele citou a digitalização do sistema e a simplificação de regras como avanços que permitirão reduzir desigualdades.

No centro da agenda econômica, disse, está a reforma do Imposto de Renda. Haddad disse acreditar que a ampliação da faixa de isenção do IR para quem ganha até R$ 5.000 mensais deve ser sancionada pelo presidente Lula em outubro. Com isso, afirmou o ministro, 20 milhões de brasileiros deixarão de pagar IR até o fim do mandato.

A nova correção deve beneficiar mais 10 milhões de pessoas.
"Será o Ministério da Fazenda que mais concedeu isenções na história do país", afirmou Haddad. Para o ministro, o impacto será percebido no contracheque e no cotidiano da população.

Haddad disse que, embora a isenção tenha apoio popular, o desafio está na aprovação da compensação fiscal. Segundo ele, o governo quer financiar a renúncia de receita com a taxação dos chamados "super-ricos", que devem pagar cerca de R$ 30 bilhões.

"É a primeira vez que o Estado brasileiro começa a mexer de fato na desigualdade pela via tributária", afirmou. Ele citou que a alíquota média de quem vive de rendimentos de capital é de 2%, e que a proposta eleva essa carga para 10%.

Embora a tributação continue distante da praticada em outros países onde ricos pagam, em média, 40%, o ministro vê a medida como "uma revolução" no sistema. "Abre caminho para a sociedade discutir a justiça tributária", disse Haddad.

O ministro reforçou que o Brasil está entre os dez piores países do mundo em distribuição de renda. A mudança na tabela do IR faz parte de um pacote de medidas estruturais, segundo Haddad, para reduzir distorções no sistema tributário, que hoje penaliza o consumo e alivia a renda.

Haddad afirmou que a grande falha do sistema é "cobrar do pobre no consumo e não cobrar do rico nem no Imposto de Renda".

Haddad afirmou que a renda do trabalhador cresceu 18% acima da inflação nos últimos três anos, o maior avanço desde o Plano Real, e que programas sociais como Farmácia Popular e Minha Casa, Minha Vida foram retomados.

"É impossível pensar em desenvolvimento com esse nível de desigualdade", afirmou.

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