Herdeira alemã renuncia à herança de R$ 22 bilhões e afirma que o "dinheiro não a deixaria feliz"

Marlene Engelhorn, de 29 anos, herdeira do império químico Basf, anunciou que vai renunciar a 90% de sua herança

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FOTO: Mabel Amber, who will one day por Pixabay

A alemã Marlene Engelhorn, de 29 anos, herdeira do império químico Basf, anunciou que vai renunciar a 90% de sua herança por achar que "não fez nada para receber o dinheiro, sendo pura sorte, acaso do nascimento".

Engelhorn receberia o dinheiro após sua avó, Traudl Engelhorn-Vechiatto, 94 anos, falecer. Há dois anos, a anciã matriarca revelou seu testamento para a família. Naquela ocasião, Engelhorn deixou claro que não queria sua parte.

A jovem declarou que não estava feliz e se disse "chateada" com a eventualidade. Portanto, quando receberia o dinheiro se livraria rapidamente dele.

Engelhorn, que por sinal nunca trabalhou na empresa de família, e mesmo chegando na casa dos 30 anos ainda estuda literatura alemã na faculdade de Viena, disse acreditar que as heranças deveriam ser tributadas pesadamente. Segundo ela, o dinheiro "faz provavelmente poucas pessoas felizes".

De acordo com a jovem, muito dinheiro corre o risco de se tornar um problema e não uma vantagem, porque a riqueza excessiva pode levar a tensões, problemas e mal-entendidos em vez de soluções.

Aumento de impostos sobre heranças

A escolha tornou-se um fato público, pois Engelhorn faz parte de uma associação internacional de jovens ricos chamada "Millionaires for Humanity" (Milionários para a Humanidade, na tradução em português), que pede aos governos que aumentem a carga tributária sobre heranças e grandes fortunas.

Em um vídeo no site da associação, ela declara que "os bilionários não deveriam ter o direito de decidir se e como vão contribuir com a sociedade" pois a "justiça social é o maior interesse de todos".

Ela também é uma das fundadoras do movimento "Tax Me Now" (Me taxa agora, na tradução em português , um grupo de pessoas que se autodenominam "milionários patrióticos" e exigem mais impostos sobre a riqueza.

No Fórum Econômico de Davos, ocorrido em maio passado, Engelhorn manifestou pelas estradas da pequena cidade suíça com uma placa onde estava escrito "In Tax We Trust" (Em impostos nos acreditamos, na tradução em português). Uma referência ao lema dos Estados Unidos que, no entanto, prefere a palavra "Deus" a aquela "impostos" (In God We Trust).

Além disso, a jovem informou que não sabe a origem da fortuna que vai herdar. Em uma das muitas entrevistas que concedeu recentemente, ela respondeu "não sei a história exata e a origem da fortuna, nem mesmo quanto trabalho deu para acumular. O que posso dizer é que não é meu trabalho".

O grupo Basf, acrônimo de Badische Anilin & Soda Fabrik (Fábrica de Anilina e Soda de Baden, na tradução em português), foi fundado na cidade de Ludwigshafen am Rhein, no länder do Renânia-Palatinado por Friedrich Engelhorn, tataravó da herdeira, em 1865.

A empresa é um dos grandes exemplos da capacidade científica e empresarial alemã, assim como de determinação e falta de limites.

Relação com o regime nazista

Em 1925 a empresa se tornou monopolista após a fusão com outros grupos químicos, formando a Ig Farben. Esse conglomerado ficou famoso por ter construído a fábrica de Auschwitz na qual era produzido o Zyklon-B, usado nas câmaras de gás.

Não foi, no entanto, uma escolha ou uma decisão deliberada da empresa: durante o regime nazista o grupo químico e seus executivos não tiveram a possibilidade de contestar as decisões de Adolf Hitler.

Após a guerra, em 1952, a Basf foi refundada com o nome original, cresceu enormemente e hoje tem mais de 200 filiais, joint ventures e unidades de produção em 50 países espalhados pela Europa, Ásia, América do Norte e do Sul.


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