História estigmatizada e calada

Confira o editorial desta sexta-feira (29)

[História estigmatizada e calada]

FOTO: Reprodução/ Museu do ILSL

Sob o nome de lepra até a década de 1970, a hanseníase ainda hoje é carregada de estigmas, o que corrobora a existência do “Janeiro Roxo”, mês de combate e conscientização à doença instituído desde 2016 pelo Ministério da Saúde.

Neste primeiro mês de 2021, um ambicioso projeto – metade físico, metade virtual – lá no interior de São Paulo, no Museu do ILSL (Instituto Lauro de Souza Lima), em Bauru, desenvolvida com recursos do Governo do Estado de São Paulo, faz um pertinente recorte da doença, além de contextualizá-la ao período atual da pandemia da covid-19.

O projeto “Histórias Cruzadas, Caladas, Curadas” é composto por uma exposição e um site. Ambas as ações, além de valorizarem o patrimônio cultural ligado à saúde pública, desmistifica a doença, que no passado foi associada até mesmo ao pecado, com seus doentes forçados ao isolamento compulsório.

A escolha do Museu do ILSL não foi por acaso: a instituição é hoje um centro especializado em doenças dermatológicas e referência do estado paulista, mas abrigou, de 1933 até a década de 1960, o Asilo-Colônia Aimorés, que se tornou modelo de asilos-colônias do país.

Ali está a história da doença e de pessoas, de indivíduos que sofreram com métodos utilizados, como isolamento social, como medida paliativa para tentar conter o contágio.

E este é um gancho com o momento da pandemia da covid-19, ela aponta. Vivemos, há quase um ano, convivendo com a morte e a temendo, além do isolamento, que causa impacta ainda pouco mensurados. No entanto, ainda com o direito de optar pelos limites do distanciamento, mesmo com uma doença silenciosa – a covid-19 – lá fora. 

Mas nas décadas de 1930, 1940, quando a pessoa que tinha sintomas, já era internada só de ir ao médico, sem direito a se despedir da família. Eram jogados em asilos, onde a violência era tremenda.

A relevância sociocultural do projeto é expor as tomadas de políticas públicas frente a um a doença milenar, com um estigma muito negativa, que gerava medo e violência, tanto aos indivíduos como aos familiares.


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