Impacto de alta da Selic nas contas públicas daria condições para pagamento de novo auxílio
Estimativa é de que rombo provocado pelo aumento possa chegar a R$ 50 bi

Foto: Reproduçaõ/InvestNews
A decisão do Banco Central (BC) de elevar a taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual, deve trazer um impacto perverso nas contas públicas. Considerando à alta anterior, o rombo chega na faixa dos R$ 50 bilhões, valor suficiente para bancar a nova rodada com quatro prestações do auxílio emergencial. A análise leva em conta que cada aumento de 0,75 ponto percentual na taxa básica de juros tem condições de elevar a dívida pública em R$ 25 bilhões.
Para efeito de comparação, o custo estimado da nova rodada com quatro parcelas do auxílio emergencial destinado a mais de 45 milhões de brasileiros que estão entre a população mais carente tem um custo estimado de R$ 40 bilhões. João Leal, economista da Rio Bravo Investimentos, a elevação da Selic foi uma decisão acertada e ressalta que o impacto é necessário para conter o avanço da inflação.
"As duas coisas precisam ser independentes. O Banco Central não pode considerar o impacto na dívida pública nas decisões nas decisões que envolvem a política monetária. A dívida pública é administração do Tesouro", afirma Leal, que completa dizendo que o aumento da taxa de juros também tem o potencial de atrai investidores para o Brasil.
"Os estrangeiros estão voltando a comprar parte de dívida brasileira. E, a partir desse momento, há um espaço para o financiamento do endividamento. Então, a visão é de que essa alta traz mais benefícios do que malefícios para a economia", destaca o economista.
Diante do atual cenário, a expectativa do mercado é de que a taxa básica de juros ainda suba mais 2 pontos percentuais nos próximos meses e feche 2021 no patamar de 5,5% ao ano, o que elevaria ainda mais a dívida pública em mais R$ 75 bilhões.