Infectologistas afirmam que máscaras transparentes ou 'M85' não funcionam contra Covid

Infectologistas alertam a população sobre o uso de máscaras transparentes, ou "M85", cujo nome foi dado por vendedores brasileiros ao item que é feito com policarbonato. O produto é vendido em todas as regiões do Brasil com preço em torno de R$ 25 e R$ 30, sob o argumento de que é inquebrável e não atrapalha a beleza.

No entanto, ninguém pontua que esse produto e similares não são eficazes para prevenir o usuário dos riscos de transmissão do novo coronavírus. Profissionais pontuam que o material não é capaz de filtrar o ar inspirado ou expirado e que o equipamento não tem uma boa adesão ao rosto - o que é uma característica essencial para aumentar a proteção. 

"Essa máscara de vinil, transparente, isso não tem função nenhuma de máscara, não tem elemento filtrante absolutamente nenhum. Isso não deveria nem se chamar de máscara, e sim protetor facial. Máscaras mesmo, que temos hoje disponíveis, são de tecido, cirúrgica e PFF2 ou N95", diz o infectologista Antonio Bandeira, diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia.

"Um dia desses, entrou na academia em que faço exercício físico, uma pessoa com isso, eu fui lá dizer para o dono da academia que não se pode permitir que alguém faça atividade física com um negócio desse. É gritante o vácuo de informação nessa área. Muita confusão", disse. 

Outra infectologista e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia, Raquel Stucchi, também avaliou que os modelos de máscaras transparentes não cumprem a função de prevenção do vírus da Covid-19.

A BBC News Brasil entrou em contato com as assessórios da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Ministério da Saúde para questionar sobre os produtos. A Anvisa respondeu que "não regulamenta e não tem recomendações sobre o uso das máscaras de vinil ou similares". E a assessoria do Ministério da Saúde respondeu que "a Anvisa deve ser procurada para falar deste tema".