Intoxicação por metanol: número de vítimas em SP representa metade da média do ano no Brasil, diz Padilha
No Estado, seis casos de intoxicação já foram confirmados, incluindo três mortes, e dez estão em investigação

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O ministro da Saúde, Alexandre de Padilha, disse nesta terça-feira (30), que o número de casos de intoxicação por metanol em setembro, em São Paulo, é a metade da média anual do Brasil.
"O país costuma ter 20 casos por ano de intoxicação por metanol. A partir de setembro, foi quase metade das notificações que costumam ter no ano e concentrado apenas em São Paulo, o que chama atenção", afirmou o ministro da Saúde, Alexandre de Padilha, acrescentando se tratar de uma situação "anormal".
Em São Paulo, seis casos de intoxicação já foram confirmados, incluindo três mortes, e dez estão em investigação.
"Normalmente os casos de intoxicação por metanol no Brasil estão associados a pessoas em situação de rua (que adquirem como combustível) ou a suicídios. Estamos em uma situação anormal, diferente do que temos na série histórica", emendou.
Padilha explicou que o Ministério da Saúde publicará uma nota técnica definindo o que é um caso suspeito ou não e esclarecendo os sintomas para orientar os profissionais de saúde como identificar e agir nessas situações.
De acordo com ele, a notificação de caso suspeito não terá que esperar o fechamento do diagnóstico.
No total, o país tem 32 centros de informação e assistência toxicológica do SUS em todos os estados, onde a população pode utilizar esses serviços e buscar ajuda.
Investigação
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, disse nesta terça-feira (30) que a Polícia Federal abriu uma investigação para apurar a origem do metanol utilizado para batizar bebidas alcoólicas em São Paulo. De acordo com o ministro, é possível que a rede de distribuição da substância atue também em outros estados.
O metanol é um produto com alta toxicidade e pode levar à morte. Em São Paulo, seis casos de intoxicação foram confirmados, incluindo três mortes, e dez ainda são investigados. Um outro caso foi descartado. Segundo o Ministério da Saúde, não há indícios de novos casos. A PF informou que não foi identificada uma marca ou importação específica.
Como acontece o batismo das bebidas?
Falsificadores pegam garrafas de marcas famosas de bebidas alcoólicas, a exemplo de gin e vodka, e adulteram o conteúdo, incluindo junto o metanol. Na sequência, o produto é comercializado. No momento da ingestão do consumidor, as pessoas poderão levar horas para apresentar os primeiros sinais de intoxicação, incluindo cólica intensa e perda de visão.
De acordo com o governador de São Paulo, Tarcísio Freitas, o "número elevado e inusitado" de intoxicações por metanol em São Paulo chamou atenção, pois normalmente a ingestão da substância acontece por pessoas em situações de vulnerabilidade.
Estabelecimentos identificados por terem a bebida contaminada receberão notificação do Ministério da Justiça para descobrir os fornecedores, quem manipulou as bebidas e que tipo de bebida as vítimas ingeriram.
Organização criminosa investigada
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, não descartou a chance de ligação do crime organizado, com participação do Primeiro Comando da Capital (PCC), na adulteração de bebidas alcoólicas com metanol, indo na contramão do secretário da Segurança Pública de SP, Guilherme Derrite (PL).
O diretor explicou ainda que as investigações recentes sobre a cadeia de combustível apontaram que existe um esquema que passa pela importação de metanol pelo Paranaguá e que, diante disso, há a necessidade de entrar nesse caso. "A investigação dirá se há conexão com o crime organizado", afirmou o diretor da PF.
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