• Home/
  • Notícias/
  • Mundo/
  • Japão autoriza reativação da maior usina nuclear do mundo após 15 anos de Fukushima

Japão autoriza reativação da maior usina nuclear do mundo após 15 anos de Fukushima

Decisão ocorre em meio à busca por reduzir dependência de combustíveis fósseis e emissões de carbono

Por Da Redação
Às

Japão autoriza reativação da maior usina nuclear do mundo após 15 anos de Fukushima

Foto: Freepik

As autoridades do Japão aprovaram a reativação da usina nuclear de Kashiwazaki-Kariwa, a maior do mundo, que estava inativa há mais de uma década desde o desastre de Fukushima, em 2011. A decisão foi tomada nesta segunda-feira (22), após a assembleia da província de Niigata autorizar a retomada das atividades da planta, localizada a cerca de 320 quilômetros ao norte de Tóquio.

Com a aprovação, a Tokyo Electric Power Company (TEPCO) poderá reiniciar um dos sete reatores da usina. Segundo a emissora pública NHK, a previsão é de que o reator número 6 volte a operar por volta de 20 de janeiro. Esta será a primeira reativação de uma usina nuclear sob a gestão da TEPCO desde o acidente na central de Fukushima Daiichi.

O Japão adotou uma postura cautelosa em relação à energia nuclear após o terremoto e tsunami de magnitude 9,0 que provocaram o derretimento de reatores em Fukushima, considerado o pior desastre nuclear desde Chernobyl, em 1986. Na época, todas as 54 usinas nucleares do país foram desligadas. Desde então, apenas 14 dos 33 reatores ainda operacionais foram retomados, de acordo com a Associação Nuclear Mundial.

Antes de 2011, a energia nuclear respondia por cerca de 30% da eletricidade consumida no Japão. Com a paralisação das usinas, o país passou a depender fortemente de combustíveis fósseis importados, como carvão e gás natural, que hoje representam entre 60% e 70% da matriz energética japonesa. Apenas no ano passado, essas importações custaram cerca de 10,7 trilhões de ienes, o equivalente a US$ 68 bilhões.

A retomada da usina ocorre em um contexto de mudanças na política energética do país. A primeira-ministra Sanae Takaichi, que assumiu o cargo há dois meses, é defensora da energia nuclear e tem apostado na revitalização do setor como forma de reduzir custos, combater a inflação e enfrentar a estagnação econômica. O Japão também busca cumprir o compromisso de alcançar emissões líquidas zero até 2050 e reduzir sua posição entre os maiores emissores globais de dióxido de carbono.

Apesar disso, a decisão enfrenta resistência local. Uma pesquisa divulgada pela prefeitura de Niigata em outubro apontou que 60% dos moradores não acreditam que as condições de segurança para a retomada das operações tenham sido plenamente atendidas. Quase 70% demonstraram preocupação com a TEPCO à frente da usina, ainda marcada pelo histórico de Fukushima.

A empresa afirma que aprendeu com o desastre e realizou uma série de inspeções e modernizações na unidade, incluindo a construção de novos muros de contenção, instalação de portas estanques, reforço nos sistemas de filtragem e ampliação de equipamentos para resposta a emergências. No fim de outubro, a TEPCO informou que concluiu verificações completas de integridade no reator 6 e declarou a unidade apta para voltar a operar.

Além da transição energética, o governo japonês também projeta aumento da demanda por eletricidade nos próximos anos, impulsionado pela expansão de data centers e da infraestrutura de inteligência artificial. Para atender a esse cenário, o país pretende dobrar a participação da energia nuclear em sua matriz elétrica, chegando a 20% até 2040.

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie:redacao@fbcomunicacao.com.br
*Os comentários podem levar até 1 minutos para serem exibidos

Faça seu comentário

Nome é obrigatório
E-mail é obrigatório
E-mail inválido
Comentário é obrigatório
É necessário confirmar que leu e aceita os nossos Termos de Política e Privacidade para continuar.
Comentário enviado com sucesso!
Erro ao enviar comentário. Tente novamente mais tarde.