Jornalista é presa após “insultar” presidente durante entrevista na Turquia

Sedef Kabas usou provérbios turcos tradicionais para fazer referências a Erdogan sem falar o nome do presidente

[Jornalista é presa após “insultar” presidente durante entrevista na Turquia]

FOTO: Reprodução

Uma jornalista turca foi presa no sábado (22), em Istambul, após “insultar” o presidente do país, Recep Tayyip Erdogan, durante uma entrevista ao vivo no canal de TV Tele1, de oposição ao governo, na sexta-feira (21), de acordo com a emissora estatal de rádio e televisão turca TRT Haber.

Sedef Kabas usou provérbios turcos tradicionais para fazer referências a Erdogan sem realmente falar o nome do presidente.

“Uma cabeça coroada fica mais sábia, mas vemos que não é verdade”, disse ela, se referindo aos quase 20 anos de Erdogan no poder desde que se tornou primeiro-ministro e depois presidente. Frequentemente, Erdogan é criticado como uma figura autoritária na Turquia.

Segundo ela, “quando um gado entra em um palácio, ele não será um rei, mas aquele palácio se torna um celeiro”.

De acordo com a TRT Haber, o gabinete do procurador-geral de Istambul encaminhou Kabas para a prisão após uma investigação, sob consequência dos seus comentários. A jornalista foi detida em um hotel, onde passou a noite na sexta-feira.

O advogado de Kabas, Ugur Poyraz, disse em sua conta no Twitter que “lutaremos até o fim contra a ilegalidade”.

O ministro da Justiça, Abdulhamit Gul, reagiu com um tweet no sábado, em que não nomeou Kabas: “Amaldiçoo as palavras feias que visam nosso presidente, que foi eleito pelos votos de nossa nação. Essas expressões intermináveis ​​e ilegais decorrentes de inveja e ódio encontrarão a resposta que merecem na consciência da nação e perante a justiça”.

O diretor de comunicação presidencial da Turquia, Fahrettin Altun, também se pronunciou sobre o caso, dizendo que “uma suposta jornalista está insultando descaradamente nosso presidente em um canal de televisão que não tem outro objetivo além de espalhar o ódio!”.

Em resposta à prisão do jornalista, um órgão de vigilância da mídia sem fins lucrativos, afirmou a Repórteres Sem Fronteiras (RSF), que “nada menos que 200 jornalistas foram processados ​​e 70 jornalistas foram condenados por acusações semelhantes desde que Erdogan foi eleito presidente em agosto de 2014″.


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