Julho Amarelho: Salvador registra mais de 300 casos de hepatites virais em 2023

No ano anterior, foram contabilizados 636 casos das infecções

[Julho Amarelho: Salvador registra mais de 300 casos de hepatites virais em 2023]

FOTO: Arquivo/Agência Brasil

De janeiro a junho de 2023, Salvador registrou 331 casos de hepatites virais. Nos dois anos anteriores, o aumento foi de 25.69%, saindo de 506 casos no ano de 2021 para 636 em 2022, segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde. Neste mês, é realizado o Julho Amarelo que visa promover a conscientização sobre os diferentes tipos de hepatites, suas formas de transmissão, sintomas, tratamento e prevenção, além de incentivar a realização de testes e a busca por diagnóstico precoce. 

Apesar do alto número na capital baiana, é ainda menor do apresentado em 2019 quando foram contabilizados 824 casos com maior incidência em hepatite B e C, durante todo o ano. 

Na Bahia, a hepatite A apresentou uma redução nas taxas de incidência, passando de 3,3 por 100 mil habitantes em 2014 para 0,1 nos últimos três anos, segundo dados do último boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria Estadual da Saúde (Sesab). 

Já a hepatite B teve taxas de detecção variando de 5,3 a 3,0 por 100 mil habitantes entre 2018 e 2020. A hepatite C apresentou a maior taxa de detecção em 2018, com 7,5 por 100 mil habitantes, e a menor taxa em 2020, com 3,6 por 100 mil habitantes.

De acordo com a Sesab, a implementação na realização de testes rápidos na atenção primária, pode ter contribuído para o aumento da detecção da hepatite B e hepatite C, mais evidenciada no período de 2018 a 2019. No período analisado foram confirmados 1.179 casos de hepatite A, 6.484 de hepatite B e 7.194 casos de hepatite C, no estado.

O número de pessoas contaminadas por cada tipo de hepatite está relacionado a forma de contaminação da doença. "A diferença principal entre as formas de hepatites é que algumas podem cronificar, ou seja, permanecer no corpo, como as hepatites B e C, e outras não, como a hepatite A. Além disso, também diferem na forma de contaminação, pois as hepatites B e C têm como principais meios as vias sexuais e por contato com sangue contaminado, já a hepatite A é transmitida por via fecal-oral, ou seja, pelo contato com água contaminada com fezes infectadas”, afirmou a  hepatologista do Itaigara Memorial, Lourianne Cavalcante.

Além disso, a hepatite C é a mais frequente e uma das principais causas de indicação de transplante hepático no Brasil. A maioria das pessoas infectadas não apresenta sintomas e pode permanecer infectada de forma silenciosa. 

"Dentre os indivíduos adultos que têm contato com o vírus, cerca de 80% podem permanecer infectados de forma completamente silenciosa e apenas identificar a doença se fizerem o teste, ou, em casos mais tardios, quando já apresentarem cirrose, câncer de fígado ou insuficiência hepática.”

No estado baiano, a estimativa é de 8 casos de infecção pelo vírus C e 5 casos pelo vírus B a cada 100 mil habitantes nos últimos 10 anos. Durante a pandemia, houve uma redução desses números, mas provavelmente devido à diminuição do número de testes e notificações.

A hepatologista do Itaigara Memorial, Lourianne Cavalcante, cita também o crescimento da infecção pelo vírus B em jovens e destaca a importância da vacinação, que já faz parte do calendário infantil desde 2001 e é universal a partir de 2015.

“Os indivíduos tem perdido um pouco o medo das infecções sexualmente transmissíveis e aí o aumento do número de casos de hepatite B e sífilis. Muito provavelmente associado a essas relações sexuais sem proteção”. 

Julho Amarelo

A Lei 14.613, sancionada pelo presidente Lula no dia 3 de julho, as ações de combate às hepatites virais anuais, com o objetivo de aumentar o número de pessoas diagnosticadas, tratadas e curadas. A medida faz parte da tentativa de atingir a meta estipulada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em reduzir a incidência da hepatite viral em 90% e as mortes relacionadas à hepatite em 65% até 2030.

A conscientização sobre as hepatites virais é importante para evitar a propagação da doença e garantir um diagnóstico precoce. A realização de testes e o acesso ao tratamento adequado são fundamentais para controlar a progressão das hepatites virais e prevenir complicações graves.

Tipos de Hepatites 

As hepatites virais são doenças inflamatórias do fígado causadas por diferentes vírus. Confira os principais tipos de hepatites virais (A, B, C, D e E), formas de transmissão, sintomas, diagnóstico, tratamento e medidas de prevenção, segundo informações do Ministério da Saúde.

Hepatite A

A Hepatite A é uma infecção causada pelo vírus A (HAV), também conhecida como "hepatite infecciosa". Em geral, a hepatite A apresenta um curso benigno, mas a gravidade dos sintomas e a taxa de mortalidade aumentam com a idade.

Transmissão

A transmissão da hepatite A ocorre principalmente por via fecal-oral, ou seja, pelo contato de fezes contaminadas com a boca. A doença está relacionada à ingestão de água e alimentos contaminados, baixos níveis de saneamento básico e falta de higiene pessoal. 

Sintomas

Os sintomas iniciais da hepatite A são inespecíficos e podem incluir fadiga, mal-estar, febre e dores musculares. Posteriormente, podem surgir sintomas gastrointestinais, como náuseas, vômitos, dor abdominal, constipação ou diarreia. A icterícia, caracterizada pela pele e olhos amarelados, é um sintoma que pode ocorrer mais adiante na doença. Os sintomas geralmente aparecem de 15 a 50 dias após a infecção e duram menos de dois meses.

Diagnóstico

O diagnóstico da hepatite A é realizado por meio de exame de sangue para detectar a presença de anticorpos anti-HAV IgM, que indicam uma infecção recente. Após a infecção e a resolução da doença, os anticorpos produzidos conferem imunidade duradoura.

Tratamento

Não há um tratamento específico para a hepatite A. Recomenda-se evitar a automedicação, pois alguns medicamentos podem ser tóxicos para o fígado. O médico poderá prescrever medicamentos adequados para aliviar os sintomas e garantir o equilíbrio nutricional. A hospitalização é necessária apenas em casos de insuficiência hepática aguda.

Prevenção

A vacinação é a principal medida de prevenção contra a hepatite A. A vacina está disponível no calendário infantil, sendo recomendada a aplicação de uma dose aos 15 meses de idade. Além disso, pessoas com condições de saúde específicas podem receber a vacina nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE). Medidas de higiene, como lavar as mãos adequadamente, consumir água tratada e cozinhar bem os alimentos, também são importantes para prevenir a doença.

Hepatite B

A Hepatite B é causada pelo vírus B (HBV) e é responsável por uma proporção significativa de casos e mortes relacionadas às hepatites. A infecção crônica pelo HBV pode levar ao desenvolvimento de cirrose e câncer de fígado.

Transmissão: O HBV é transmitido principalmente por contato com sangue contaminado, como o compartilhamento de agulhas e seringas, além do contato sexual desprotegido. A transmissão também pode ocorrer de mãe para filho durante a gravidez e o parto, e por meio do compartilhamento de objetos pessoais contaminados, como lâminas de barbear e escovas de dente.

Sintomas

Na maioria dos casos, a hepatite B não apresenta sintomas. Quando ocorrem, os sintomas podem incluir cansaço, tontura, náuseas, febre, dor abdominal e icterícia (pele e olhos amarelados). A doença é frequentemente diagnosticada décadas após a infecção, quando sinais de doença hepática crônica podem estar presentes.

Diagnóstico

O diagnóstico da hepatite B é realizado por meio de exames de sangue que detectam os marcadores do vírus, como o antígeno de superfície do HBV (HBsAg). Outros exames podem ser necessários para avaliar a fase da infecção e o risco de complicações.

Tratamento

O tratamento da hepatite B tem como objetivo reduzir o risco de progressão da doença e suas complicações, como cirrose e câncer de fígado. O tratamento varia de acordo com a fase da infecção e a condição clínica do paciente.

Prevenção

A vacinação é a principal forma de prevenção da hepatite B. A vacina está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) para todas as pessoas não vacinadas, independentemente da idade. Além disso, o uso de preservativos nas relações sexuais e evitar o compartilhamento de objetos pessoais ajudam a prevenir a transmissão do vírus.

Hepatite C
A Hepatite C é uma doença causada pelo vírus C (HCV) e pode levar à infecção crônica do fígado. A hepatite C é considerada uma das principais causas de cirrose e câncer de fígado.

Transmissão

A transmissão do HCV ocorre principalmente por contato direto com sangue infectado. O compartilhamento de agulhas e seringas. Além disso, a transmissão também pode ocorrer por transfusões de sangue, transmissão vertical de mãe para filho durante a gravidez e o parto, e em menor grau por contato sexual desprotegido.

Sintomas: A maioria das pessoas infectadas pelo HCV não apresenta sintomas na fase aguda da infecção. Quando ocorrem, os sintomas podem ser inespecíficos, como fadiga, mal-estar e dores musculares. A hepatite C crônica pode levar décadas para se manifestar, geralmente quando já ocorreu dano significativo. 
 


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