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Justiça revoga prisão de liderança indígena do extremo sul da Bahia após dois meses por falta de provas

Segundo as forças de segurança, Suruí Pataxó foi preso por porte de armas e envolvimento com organização criminosa

Por Da Redação
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Justiça revoga prisão de liderança indígena do extremo sul da Bahia após dois meses por falta de provas

Foto: Reprodução/Redes Sociais

O líder indígena Welington Ribeiro de Oliveira, cacique Suruí Pataxó, foi solto na sexta-feira (12) após passar mais de dois meses preso. A prisão foi revogada por decisão da 1ª Vara Criminal da Comarca de Porto Seguro, que contestou o relatório policial das investigações. 

Suruí foi detido no dia 7 de julho em meio a uma ação conjunta entre a Polícia Federal e a Força Nacional de Segurança Pública, em Porto Seguro, no extremo sul da Bahia.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), Suruí foi preso suspeito de porte de armas e associação criminosa. No entanto, a justiça contesta a alegação do suposto envolvimento do cacique com a organização criminosa conhecida como Anjos da Morte.

Segundo a sentença, o relatório policial não apresenta provas concretas da relação de Suruí com o grupo. Além disso, não há registros de comunicação entre ele e os suspeitos investigados por integrar a facção.

Mesmo solto, Suruí terá que obedecer algumas medidas cautelares estabelecidas pelo juiz. São elas:

• Comparecimento periódico em juízo, mensalmente, para informar e justificar atividades;
• Proibição de contato entre ele e os adolescentes que o acompanhavam no momento da prisão, bem como testemunhas do caso;
• Proibição de se ausentar da região sem prévia autorização judicial;
• Recolhimento domiciliar entre 20h e 6h e nos dias de folga.

A prisão da liderança indígena foi alvo de uma série de protestos. Indígenas bloquearam um trecho da BR-101 por 36 horas. O congestionamento chegou a passar de 20 km, na altura de Itamaraju, nas proximidades da entrada do Parque Nacional do Monte Pascoal.

Segundo o Conselho de Caciques do Território Indígena Barra Velha de Monte Pascoal, a abordagem que levou a prisão do cacique foi conduzida sem mandado de prisão, com motivação "claramente política e persecutória", e com o objetivo de incriminar o cacique.

A Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme), que representa o grupo, repudiou o ato e disse que o líder indígena foi preso injustamente, pois, segundo a Apoinme, ele era alvo de ameaças de morte há anos, e um defensor de direitos humanos.

À época, o Ministério da Justiça e Segurança Pública se pronunciou sobre o caso e afirmou que a Força Nacional atua em casos de conflitos agrários com foco na preservação da vida, respeito à cultura, aos direitos e à integridade dos povos originários.

A ocorrência policial detalha que Suruí Pataxó foi encontrado durante um patrulhamento. Ele estava em um carro com outras três pessoas: um adulto e dois adolescentes, e transportava armas e munições. Na ocasião, foram apreendidas:

• 1 pistola 9mm com numeração raspada;
• 1 pistola calibre.380, também com numeração raspada;
• 198 munições calibre 9mm;
• 135 munições calibre.380;
• 23 munições calibre.44;
• 27 munições calibre 5.56 deflagradas;
• 1 munição calibre 12;
• 1 munição calibre.22;
• 1 munição calibre.32;
• 2 carregadores alongados calibre 9mm com capacidade para 31 disparos cada;
• 4 carregadores calibre.380;
• 1 coldre de pistola 9mm na cor bege;
• 1 balaclava camuflada.

Por meio da Defensoria Pública da Bahia (DPE), o cacique argumentou que, enquanto liderança do Povo Pataxó, recebe muitas ameaças de morte devido aos conflitos na região, o que justificaria o porte de armas. 

Suruí está incluído no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos (PPDDH/BA), mas a argumentação não foi aceita pela Justiça.

Os indígenas Pataxó enfrentam há mais de 20 anos a luta pela homologação de suas terras no extremo sul da Bahia. Nesse período, além dos embates constantes com fazendeiros, as aldeias também passaram a ser alvo de uma onda de violência ligada à atuação de facções criminosas.

Para tentar conter os conflitos, o governo federal reforçou o policiamento em abril, com o envio de agentes da Força Nacional de Segurança Pública.

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