Lava-Jato identifica e-mail usado por analista da Receita para cobrar propina
A quebra de sigilo telemático foi autorizada pela Justiça

Foto: Reprodução
A força-tarefa da Lava-Jato provou que o e-mail "projetoalfredo@gmail" era usado pelo analista tributário da Receita Federal, Marcial Pereira de Souza para cobrar propina de empresários em troca do cancelamento de multas milionárias por sonegação fiscal.
A confirmação que uma das mensagens de achaque contra o delator do esquema partiu de um celular conectado a um modem em nome de Marcial só foi possível com a colaboração do Google e de uma operadora telefônica, a partir da quebra de sigilo telemático autorizada pela Justiça.
Uma das mensagens enviada ao contador Rildo Alves da Silva, indicado pelo delator Ricardo Siqueira Rodrigues para acertar os pagamentos de propina, revela a pressão de Marcial para receber os valores acertados. Nela, Marcial afirma que a fiscalização de Ricardo estaria "sob controle".
"O documento que você recebeu é bem claro. Trata-se do calendário 2013. Sinalização maior que está controlado não há. Combinamos que toda correspondência recebida e por ele enviada (desta outra etapa) nos seria repassada. Até o momento não nos foi repassado nada. Por fim, os valores acertados ainda não foram pagos", diz e-mail enviado no dia 25 de outubro de 2018.
Imagens usadas no pedido de prisão de servidores da Receita mostram três encontros de Marcial e o delato que, segundo os investigadores, serviram para tratar da cobrança de propina. Era em nome de Marcial Pereira de Souza e de sua mulher que estava a conta em Portugal onde foram depositados os recursos ilícitos.