Levantamento revela que 3,7 milhões de lares têm direito ao Bolsa Família, mas não o recebem

Estudo foi realizado com dados de pesquisa do IBGE

[Levantamento revela que 3,7 milhões de lares têm direito ao Bolsa Família, mas não o recebem]

FOTO: Reprodução/Jornal Contábil

O Bolsa Família, principal programa de distribuição de renda do país, começa o ano pressionado pelo fim do auxílio emergencial, pelo Orçamento limitado e pela crise econômica. Segundo os dados mais atualizados do IBGE, coletados em novembro, 17,9 milhões de famílias teriam direito ao benefício (3,7 milhões a mais do que as incluídas na folha de janeiro deste ano). O levantamento foi feito a pedido do UOL pelo economista Daniel Duque, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV). Os números foram obtidos a partir de microdados da Pnad Covid-19, pesquisa mensal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para detectar os impactos da pandemia sobre a saúde e o mercado de trabalho. 

Segundo Duque, em novembro, havia 16,9 milhões de famílias em situação de extrema pobreza. As famílias em situação de pobreza e que têm pelo menos uma criança ou adolescente menor de idade somavam 1 milhão. Os critérios para o levantamento foram a renda formal declarada ao IBGE (descontados o auxílio emergencial e os benefícios assistenciais como o próprio Bolsa Família) e a composição das famílias. A renda informal não foi levada em consideração porque também não costuma ser registrada nos cadastros que o Ministério da Cidadania verifica antes de confirmar a entrada de uma família no programa.

Segundo a Pnad Covid-19 com dados de maio, 15,2 milhões de lares estariam dentro dos critérios de renda do Bolsa Família (14 milhões em extrema pobreza e 1,2 milhão em pobreza). Houve, portanto, um crescimento de 2,7 milhões de famílias elegíveis ao programa em apenas seis meses. Segundo Daniel Duque, não seria surpresa se dados mais atualizados da mesma pesquisa revelassem que o Brasil já tem mais de 18 milhões de famílias aptas a pedir o benefício permanente de renda. Segundo Pedro Herculano de Souza, técnico do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), os dados mostram a dimensão da crise.

"Esse número [17,9 milhões de famílias com direito ao Bolsa Família] não me causa espanto, considerando-se o tamanho da crise e o impacto que ela tem sobre a renda das famílias." O especialista em desigualdade social no Brasil afirma que o país precisa encontrar uma forma de ampliar o programa para dar conta de todas as pessoas que têm direito. Ele sugere unificar outros programas sociais e assistenciais, mas diz que a solução é difícil.

Ao longo de 2020, a equipe econômica do governo federal sugeriu algumas alternativas nesse sentido. Foi cogitado substituir o Bolsa Família por um programa maior (Renda Brasil ou Renda Cidadã) usando o dinheiro de benefícios como o abono salarial, o seguro-defeso, o salário-família e o Farmácia Popular. Contudo, nenhuma das propostas agradou ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), porque afetam programas de apelo popular.


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