Liberdade ao ofício jornalístico
Confira o nosso editorial desta segunda-feira (4)

Foto: Reprodução
Qualquer agressão à liberdade é uma agressão, independente se física ou verbal. No domingo, uma suposta agressão ao fotógrafo Dida Sampaio do jornal Estado de S. Paulo, divulgada por outros integrantes da imprensa que cobriam a manifestação pró-governo em Brasília, escancara como o ofício jornalístico é apedrejado e desqualificado de forma genética, num cenário em que muitos profissionais pagam – e caro, de forma desleal – pela antiética de certos veículos e respetivos funcionários.
O desrespeito à profissão não é saudável à democracia. A cobertura jornalística de eventos como o de ontem, legítimos, aliás, é fundamental para que o restante do país tenha conhecimento da movimentação em torno da política. E isso independe do viés que a notícia chegará ao leitor – é um outro momento da dinâmica da comunicação social. Qualquer intimidação ao trabalho de registrar o que ali acontece, por xingamentos ou ataques físicos, deve ser condenado, sim.
Hoje pela manhã, circulava pelas redes sociais um vídeo que mostrava participantes do ato conduzindo o fotógrafo para longe, como se denunciassem uma mentira, legitimassem uma ‘não agressão’.
Trata-se, no entanto, apenas do fim deste trágico episódio de coerção à imprensa. Não é porque inexiste um vídeo do exato momento da agressão (que teve testemunhas oculares e fotos) que se trata de algo inventado.
Antes de ideologias e bandeiras políticas, é preciso considerar o ser humano, o trabalhador. O repórter fotográfico não é, em nenhuma natureza, a personificação da empresa a qual responde e, muito menos, deve ser impedido de realizar o trabalho que lhe é garantido por lei e inclusive pela Constituição.