Lula perde influência no exterior e é impopular no Brasil, diz The Economist
Revista britânica publicou um artigo nesse domingo (29) e fez críticas ao presidente brasileiro

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O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), perdeu sua influência no exterior e se tornou impopular no Brasil, de acordo com um artigo publicado nesse domingo (29) pela revista britânica The Economist.
Para a publicação, o posicionamento do Brasil sobre a guerra entre Israel e Irã isolou o país e adotou uma "linguagem agressiva". Na última semana, o Itamaraty condenou os ataques dos Estados Unidos ao Irã e declarou que ofensiva era uma "violação de soberania".
“A simpatia do Brasil com o Irã deve continuar em 6 e 7 de julho, quando o Brics, um grupo de 11 economias de mercados emergentes, incluindo Brasil, China, Rússia e África do Sul, realiza sua cúpula anual no Rio de Janeiro. O Irã, que se tornou integrante do Brics em 2024, deve enviar uma delegação. O grupo é atualmente presidido pelo presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, conhecido como Lula. Originalmente, ser um membro ofereceu ao Brasil uma plataforma para exercer influência global. Agora, faz o Brasil parecer cada vez mais hostil ao Ocidente”, escreve a revista.
No artigo, o The Economist também destaca que o presidente Lula não fez “nenhum esforço para estreitar laços com os Estados Unidos desde que Donald Trump assumiu o poder”, em janeiro de 2025. “Em vez disso, Lula corteja a China. Ele se encontrou com Xi Jinping, o presidente da China, duas vezes no ano passado”, diz outro trecho da publicação.
A revista britânica comentou ainda sobre Lula ter viajado para Moscou em maio deste ano e tentar convencer o presidente russo, Vladimir Putin, de que o Brasil deveria mediar o fim dos conflitos na Ucrânia. "Nem Putin nem ninguém lhe ouviu”.
A publicação também citou a relação de Lula com o atual presidente da Argentina, Javier Milei. “Lula não conversa com seu homólogo argentino, Javier Milei, por diferenças ideológicas. Quando assumiu o cargo pela 3ª vez, em 2023, abraçou Nicolás Maduro, o autocrata da Venezuela, apesar de o país ter se tornado uma ditadura.”
“Lula parece relutante ou incapaz de reunir as nações latino-americanas para apresentar uma frente unida contra as deportações de migrantes e a guerra tarifária de Trump”, completa.
Eleições 2026
Sobre a eleição presidencial em 2026, a Economist cita o enfraquecimento do Partido dos Trabalhadores no Brasil, o crescimento do cristianismo evangélico e do apoio da direita. Para a revista, se a direita se unir a um candidato no próximo ano, ganhará a Presidência.
“O país se inclinou para a direita. Muitos brasileiros associam seu Partido dos Trabalhadores à corrupção, devido a um escândalo que o levou à prisão por mais de um ano (sua condenação foi posteriormente anulada). Ele construiu o partido com o apoio de sindicatos, católicos com consciência social e pessoas pobres que recebiam esmolas do governo. Mas hoje o Brasil é um país onde o cristianismo evangélico está em expansão, onde o emprego na agricultura e na economia informal está crescendo rapidamente e onde a direita também oferece esmolas”, afirma a Economist.
“Em parte, isso pode ser porque o Brasil se beneficia de algo que nenhuma outra grande economia emergente tem: um enorme deficit comercial com os Estados Unidos, que chega a US$ 30 bilhões por ano. Trump certamente gosta quando outros países compram mais dos Estados Unidos do que vendem para ele. Mas seu silêncio também pode ser porque o Brasil, relativamente distante e geopoliticamente inerte, simplesmente não importa tanto quando se trata de questões de guerra na Ucrânia ou no Oriente Médio. Lula deveria parar de fingir que importa e se concentrar em questões mais próximas”, escreve a revista ao finalizar o texto.