Mais da metade dos homicídios não são esclarecidos pela polícia brasileira, aponta levantamento
O Brasil está abaixo da média mundial que é de 63%

Foto: Divulgação/Polícia Civil
Um levantamento inédito realizado pelo Instituto Sou da Paz, divulgado nesta quarta-feira (13), mostra que mais da metade dos homicídios no Brasil ficam sem resposta. O esclarecimento dos crimes chegou a porcentagem de 44%, e somente quatro estados são classificados com alta eficiência na investigação e responsabilização de assassinatos.
Ao olhar os indicadores estaduais, encontra-se uma grande disparidade. Um exemplo disso é o Mato Grosso do Sul em que 89% dos homicídios são esclarecidos com apresentação de denúncia criminal à justiça contra o acusado. Em contrapartida, o Rio de Janeiro é o segundo estado com menos resoluções desse tipo de crime com a porcentagem de 14%.
O Instituto Sou da Paz acionou todos os estados brasileiros em busca de informações de esclarecimento de homicídios. Dezesseis deles e o Distrito Federal responderam com dados suficientes para uma análise. O levantamento considerou os assassinatos cometidos em 2018 (ano em que foram registrados mais de 48 mil homicídios dolosos) que foram resolvidos com apresentação de denúncia no mesmo ano ou até o fim de 2019.
De acordo com a pesquisa, o líder Mato Grosso do Sul (89%) é seguido por Santa Catarina, com 83%, o Distrito Federal que tem 81% e Rondônia que apresenta 74% de resolução. Somente esses quatro estados possuem alta eficácia de esclarecimento. Oito estados têm média efetiva - variando entre 33% e 66% de esclarecimento -, enquanto outros cinco estão com as piores médias, abaixo de 33%, eles estão em posição de baixa efetividade.
A média nacional de resolução de homicídios do país, 44%, deixa o Brasil abaixo da média mundial, que é de 63%, de acordo com os dados reunidos em 72 países. No entanto, se comparada com os 18 países das Américas (a região do mundo que menos esclarece os crimes de assassinato), que é de 43%, a média brasileira se torna compatível.
O Sou da Paz diz que o levantamento é realizado com o objetivo de fomentar o debate sobre necessidade da estruturação dos indicadores de segurança pública para o diagnóstico do cenário brasileiro. Os dados obtidos pelo estudo, "criam a métrica, fomentam o debate e pressionam os estados a responderem e se preocuparem mais com o tema", diz Carolina Ricardo, diretora executiva do Instituto Sou da Paz.