Manobras de Putin surtem efeito e partido pró-governista abre vantagem nas eleições legislativas russas

Rússia Unida venceu a eleição legislativa no país, segundo os primeiros resultados oficiais. Com somente 9% dos votos apurados, a Comissão Eleitoral Central disse que a legenda conseguiu 38,57% dos votos. Uma pesquisa de boca de urna do instituto Insomar, publicada pela agência de notícias russa RIA, também calcula que o Rússia Unida obteve aproximadamente 45% dos votos. Na segunda posição vem o Partido Comunista, que obteve 25,17% dos votos, quatro pontos percentuais a mais do que era indicado pelas pesquisas.

Na disputa estão todas as 450 cadeiras da Duma, a Cãmara Baixa do Parlamento, com sistema de votação híbrido.

O Kremlin já sabe que vai sair vitorioso, pois as regras atuais favorecem os governistas e autoridades não medem esforços para assegurar este cenário, incluindo aumento de salários, veto a candidatos e prisão dos opositores. Uma porção de candidatos, muitos com ligação ao líder opositor Alexei Navalny, que está preso desde janeiro, foram impedidos de concorrer e presos nos meses anteriores a eleição.

Os aliados incentivaram o voto tático contra o Rússia Unida, estratégia conhecida como "Voto Inteligente", que equivale a um apoio ao partido de maior possibilidade de derrotar o Rússia Unida em determinados distritos eleitorais, uma estratégia que poderia ter favorecido o Partido Comunista. Porém, desde que a votação teve início, na sexta-feira, Google, Apple e Telegram limitaram acesso para a campanha opositora, o que acarretou em críticas às plataformas pelos ativistas que as acusaram de ceder à pressão governista.

"Se o Rússia Unida conseguir (vencer), nosso país pode esperar mais cinco anos de pobreza, cinco anos de repressão, cinco anos perdidos", escreveu em mensagem um dos apoiadores no blog de Navalny.

O Rússia Unida conquistou aproximadamente 54% dos votos nas eleições de 2016, a última vez em que a eleição parlamentar foi feita. Desde então, o presidente encara uma queda de popularidade, decorrência da crise econômica e do medo dos russos com o futuro do país.