Marconny Ribeiro diz à CPI que não lembra nome de senador envolvido na compra de testes rápidos
Suposto lobista foi convocado após a comissão obter mensagens com um ‘passo a passo’ para fraudar licitação

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O empresário Marconny Ribeiro disse nesta quarta-feira (15), durante depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, que não lembra quem seria o senador que iria ajudar a destravar a compra de testes rápidos contra a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. A aquisição seria feita pelo Ministério da Saúde, mas acabou cancelada.
Na sequência, a Precisa Medicamentos foi alvo da operação Falso Negativo, que apurou fraude em vendas de testes superfaturados e de baixa qualidade. O empresário, apontado como suposto lobista da Precisa Medicamentos, foi convocado após a comissão obter mensagens nas quais há indícios de que ele elaborou um “passo a passo” para fraudar a licitação para a compra de testes.
De acordo com a comissão, o texto enviado por Marconny Ribeiro a Ricardo Santana, ex-secretário da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), trazia a “arquitetura ideal para o processo dos kits prosseguir” e fazia menção a “Bob ou sucessor”. Os senadores acreditam que o Bob citado seja Roberto Ferreira Dias, então diretor do departamento de Logística do Ministério
Em outra mensagem, Ricardo Santana diz a Marconny Ribeiro que teria uma reunião no Ministério da Saúde com o objetivo de “desatar um nó” e que trataria sobre 12 milhões de testes rápidos. Santana afirmou ainda que “meu amigo aqui estará às 8h com o senador”. Mais cedo, o senador Humberto Costa (PT-PE) leu trechos da mensagem que apontam que Marconny ainda respondeu: “Amanhã vamos marcar às 10h30 para falar com eles aqui em casa. Pode ser?”.
Durante o depoimento à CPI, Marconny foi diversas vezes questionado sobre quem seria o senador que, conforme as mensagens, ajudaria a destravar a licitação. Contudo, ele respondeu à comissão que não sabia quem seria. “Não sei quem é”, afirmou o suposto lobista. “É doido? É sério mesmo? O senhor tem relação com quantos senadores?”, rebateu o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM). “Nenhum”, respondeu Marconny. Ele ainda negou conhecer algum senador pessoalmente.
Após as declarações do suposto lobista, os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Leila Barros (Cidadania-DF) defenderam que a Polícia Legislativa faça um levantamento de eventuais registros de Marconny em idas ao Senado para apurar se há visitas a gabinetes.