Mesmo com previsão de entrega de 210 milhões de doses, Fiocruz diz que "vai faltar vacina"

Do total previsto, mais de 100 milhões de doses serão produzidas no primeiro semestre

Por Da Redação
Às

Mesmo com previsão de entrega de 210 milhões de doses, Fiocruz diz que "vai faltar vacina"

Foto: Reprodução/A Gazeta

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) planeja entregar ao governo 210,4 milhões de doses de vacina contra a Covid-19 em 2021, mas o montante, somado a outras vacinas disponíveis no Brasil, ainda não será suficiente para imunizar toda a população brasileira este ano. “Não tem vacina no mundo para todo mundo, vai faltar vacina”, diz Maurício Zuma, diretor de Bio-Manguinhos, que é a unidade técnico-científica da Fiocruz. Ele acredita que a vacinação só vai se encerrar no ano que vem, apesar de todos os esforços do instituto para disponibilizar o imunizante o quanto antes.  

Do total previsto pela Fiocruz para ser entregue este ano, 100,4 milhões de doses serão produzidas no primeiro semestre, a partir do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) importado da China, e outros 110 milhões a partir do insumo produzido localmente graças ao acordo de transferência de tecnologia fechado com a Universidade de Oxford e o laboratório AstraZeneca. Zuma espera que as primeiras doses da vacina da Fiocruz sejam disponibilizadas ao governo no começo de março. A expectativa de Zuma é que a Anvisa dê o sinal verde para a distribuição da vacina em até 30 dias.

Ao mesmo tempo, a Fiocruz vem trabalhando para concluir o mais rápido possível a liberação do IFA na China. Ele afirma que questões burocráticas, incluindo um novo processo de tramitação no país asiático, têm adiado a liberação do insumo. A última data prevista para chegada do IFA é sábado (23), mas os técnicos da Fiocruz sabem que o prazo não será cumprido uma vez que, além dos trâmites burocráticos, há questões logísticas envolvidas. Não está claro ainda quando o IFA vai chegar ao Brasil, mas Zuma acredita que será “em breve”.

Contratualmente ainda não há atraso no fornecimento pela AstraZeneca, e Zuma considera que a eventual aplicação de penalidades previstas em contrato só se justificariam em caso de atraso “considerável” que configurasse descumprimento contratual. É preciso considerar também que a Fiocruz olha a relação com a AstraZeneca/Oxford a longo prazo, uma vez que a vacina envolve transferência de tecnologia ao Brasil.

Zuma diz ainda que seria inviável transferir o local do fornecimento do IFA da China para outro país. Em primeiro lugar porque a AstraZeneca não tem disponibilidade de fornecer o insumo de outra fábrica porque está “tudo contratado”. Existe ainda a questão de que nos documentos enviados à Anvisa está previsto que será a Wuxi Biologics que fornecerá o IFA à Fiocruz.

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie:redacao@fbcomunicacao.com.br
*Os comentários podem levar até 1 minutos para serem exibidos

Faça seu comentário