Mexicanos pedem ar mais limpo

Poluição provocou morte prematura de 48,1 mil em 2017

Por Da Redação
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Mexicanos pedem ar mais limpo

Foto: AFP/Divulgação

Acredite se quiser, no México, o ar é tão sujo que consegue superar o letal crime organizado. De acordo com a organização civil Semáforo Delictivo, que mede a criminalidade no país, 19 mil pessoas foram assassinadas em 2017.

E devido à poluição atmosférica de acordo com o relatório Estado do Ar Global, feito pelo Instituto de Métrica e Avaliação da Saúde, da Universidade de Washington, no mesmo ano, 48,1 mil pessoas morreram prematuramente devido à poluição.

A Cidade do México vem submergindo em uma crise ambiental desde o início deste ano, que já provocou a ativação de cinco contingências ambientais —medidas extraordinárias que são aplicadas quando os níveis de ozônio ou de partículas finas são considerados perigosos para a saúde. 

Em maio, devido à poluição e à fumaça de diversos incêndios que ocorreram na cidade, escolas tiveram aulas suspensas e uma partida de futebol da primeira divisão teve de ser transferida para Querétaro.

A última vez que moradores da capital mexicana viveram situação semelhante foi em 2016, quando em dez ocasiões o nível de ozônio superou os limites permitidos. Mas agora os cidadãos defenderam seus direitos ambientais —e ganharam.

Denunciantes das péssimas condições de fiscalização do governo mexicano em relação à poluição emitida no país, conseguiram que o Tribunal Colegiado (instância federal, cujas decisões não podem ser revistas na Suprema Corte) obrigasse o governo a seguir aplicando as verificações anteriores a 2019. 

Os magistrados se basearam no senso comum: mais veículos em circulação representam “um aumento lógico dos poluentes”. Agustín García, do Centro de Ciências da Atmosfera, concorda que com menos carros haverá menos poluição, mas não necessariamente menos ozônio.

“Reduzir a frota pode aumentar a produção de ozônio, porque a relação não é linear. Por isso, nos fins de semana, quando há menos tráfego, o ozônio aumenta”, explica.

Peritos, como o pesquisador do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) em Singapura, Erik Velasco, indicam que as políticas públicas deveriam prestar mais atenção a outros emissores de gases precursores do ozônio.

O especialista diz que ninguém entende de verdade, como funcionam a química e a física da atmosfera na Cidade do México, que mudou durante a última década com o desenvolvimento urbano.

Por conta desse desconhecimento, os níveis de ozônio estancaram a partir de 2009, depois de terem alcançado 400 partículas por bilhão (ppb) nos anos 1980, quando os pássaros caíam mortos das árvores. Em 2017, o pico máximo registrado foi de 190 ppb.

Para o especialista, limitar a circulação de veículos equivale a testar a sorte, pois não há um conhecimento científico de como os poluentes na atmosfera interagem. “É preciso ver quantos veículos tirar e em que horários.”

O governo da Cidade do México afirmou que atenderá a sentença que o obriga a exigir o sistema de controle de poluição em todos os veículos. As autoridades também reduziram parcialmente a circulação de carros às quartas-feiras.

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