Ministro do Meio Ambiente coloca em xeque acordo Mercosul-UE
A deputada Yasmin Fahimi, da Alemanha, afirma que não há como ratificar hoje um acordo com o Mercosul

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Após o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sugerir em reunião ministerial, usar a pandemia para promover uma maior desregulamentação na área ambiental, foi aprofundada a rejeição de uma parcela de parlamentares europeus à ideia de um acordo com o Mercosul.
O bloco sul-americano concluiu, no ano passado, um acordo comercial com a UE, depois de 20 anos de negociações. Mas o tratado precisa ser ratificado e, para isso, terá de passar por todos os 27 parlamentos da UE.
Parlamentos como o da Bélgica e Áustria votaram moções contrárias ao acordo, um sinal claro de que o projeto já teria sérias dificuldades para ser aprovado. Mas a crise se ampliou diante da resposta do Brasil à pandemia e as últimas revelações envolvendo a reunião ministerial do dia 22 de abril.
Na Alemanha, maior economia da Europa, a resistência a uma aproximação com o Brasil se ampliou nos últimos meses e, diante das revelações de Salles, as críticas passaram a ser explícitas.
A deputada do Partido Social-Democrata, Yasmin Fahimi é uma das mais vocais. No Bundestag, ela preside o Grupo de Amizade Brasil-Alemanha, é a relatora do partido para a América Latina e já passou pela Comissão de Relações Exteriores do Parlamento. O SPD faz parte da aliança no governo alemão e é, hoje, o segundo maior partido do país.
"A destruição da floresta amazônica e o deslocamento dos povos indígenas têm sido sistematicamente promovidos pelo governo Bolsonaro desde que tomou posse", alertou a deputada. "As reuniões do gabinete que agora vieram à luz e as declarações do chamado ministro do Meio Ambiente não são, portanto, surpreendentes. Mas me entristece ver até que ponto a ameaça aos povos indígenas da Amazônia voltou a crescer à sombra da pandemia", afirmou.
De acordo com a deputada, em 2019, já estabeleceu um "recorde deprimente em termos de corte ilegal e desmatamento". "Agora, ficamos sabendo que o desmatamento voltou a aumentar em abril em até 65%. Nosso projeto compartilhado para proteger a floresta amazônica entrou efetivamente em colapso", constatou.
Para Yasmin Fahimi, não há como ratificar hoje um acordo com o Mercosul. "Bolsonaro representa um perigo para a democracia, para o Estado de Direito e para a existência permanente da floresta amazônica. Atualmente não vejo como é possível conciliar as políticas de Bolsonaro com as nossas exigências para o acordo UE-Mercosul nas áreas de desenvolvimento sustentável e direitos humanos", completou.