Ministros do STF defendem cautela no caso de Bolsonaro e alertam para risco de censura
Conforme os magistrados, impedir repercussão de falas nas redes sociais pode ser visto como censura

Foto: Reprodução/X
Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) defenderam em entrevista ao blog Valdo Cruz do site G1 prudência no caso do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e pontuaram que as medidas cautelares cabíveis já foram adotadas pelo também ministro do STF, Alexandre de Moraes .
De acordo com a publicação, as medidas cautelares foram impostas porque havia uma operação em curso contra o Brasil e o STF, no entanto, impedir transcrições de entrevistas em redes sociais não é viável e será apontado como uma censura.
Na segunda-feira (21), Bolsonaro foi à Câmara dos Deputados e, cercado de parlamentares, jornalistas e cinegrafistas, mostrou a tornozeleira eletrônica, acompanhada de uma declaração:
"Não roubei os cofres públicos, não desviei recurso público, não matei ninguém, não trafiquei ninguém. Isso aqui é um símbolo da máxima humilhação em nosso país. Uma pessoa inocente. Covardia o que estão fazendo com um ex-presidente da República. Nós vamos enfrentar a tudo e a todos. O que vale para mim é a lei de Deus", disse Bolsonaro na ocasião.
Para o ministro Alexandre de Moraes, o ex-presidente descumpriu a medida cautelar, que proíbe utilizar redes sociais, direta ou indiretamente, e pediu que a defesa de Bolsonaro se manifestasse sobre o caso.
Segundo Moraes, a fala teve intenção de ser divulgada nas redes sociais e, por esse motivo, considera que houve descumprimento da medida imposta por ele.
Na terça-feira (22), Bolsonaro prometeu não dar novas declarações até que o ministro Moraes esclareça o que ele pode ou não fazer.
De acordo com ministros ouvidos pelo blog, Alexandre de Moraes agiu corretamente diante de uma operação criminosa em curso, que configurava um atentado contra a soberania nacional.
Esses mesmos ministros, conforme a publicação, destacaram ainda que as especulações de que o ex-presidente Bolsonaro poderia ser preso eram desprovidas de fundamento. Até agora, disseram, não há nada que possa configurar um motivo para a prisão de Bolsonaro.
Eles alegam que não dá para controlar as redes sociais nos dias de hoje, porque elas repercutem tudo o que é dito por autoridades, ainda mais as que estão no foco do noticiário. Proibir as redes sociais de transcrever entrevistas seria associado a um tipo de censura.
Moraes pode decidir sobre a declaração da defesa de Bolsonaro nesta quarta-feira (23).