Após Eliete Paraguassu denunciar perseguição política, moradores acusam vereadora de cometer crime ambiental na Ilha de Maré
Assessoria da parlamentar afirmou que "o mandato não foi notificado de nenhuma denúncia" dos moradores

Foto: Reprodução/Redes Sociais
Moradores de Ilha de Maré, em Salvador, acusam a vereadora Eliete Paraguassu (PSOL) de cometer crime ambiental ao supostamente ampliar o terreno da sua casa com a construção de um muro e atingir parte de um manguezal. O imóvel fica em uma área conhecida como Porto dos Cavalos, próxima à vegetação nativa da ilha.
Paralelamente, na segunda-feira (4), Eliete se manifestou através das redes sociais e afirmou ser vítima de uma campanha de perseguição política, de gênero e raça. A vereadora informou que registrou um boletim de ocorrência na Delegacia Especializada de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa (Decrin) denunciando os ataques que vem sofrendo.
Ao Farol da Bahia, a assessoria da parlamentar negou que o boletim tenha ligação com as acusações feitas pelos moradores e afirmou que "o mandato não foi notificado de nenhuma denúncia".
Em nota pública, Eliete declarou ainda que está sendo alvo de uma “política deliberada, coordenada e contínua de perseguição e violência psicológica” por parte de empresários e setores contrários à sua atuação em defesa dos territórios tradicionais e contra o racismo ambiental. [Leia na íntegra no final da matéria]
Eliete Paraguassu foi eleita em 2024 como a primeira vereadora quilombola da história de Salvador, com 8.479 votos. Marisqueira, pescadora e liderança da Ilha de Maré, tem mais de três décadas de atuação na luta pela preservação ambiental e pelos direitos das mulheres quilombolas. Integra o Movimento dos Pescadores e Pescadoras (MPP) e a Coalizão Negra por Direitos.
Segundo o Censo de 2022, Salvador é a segunda cidade com maior população quilombola do Brasil, com 15.897 pessoas.
Nota pública de Eliete
“Uma mulher negra, marisqueira, quilombola, liderança popular e defensora dos direitos da natureza incomoda muita gente, especialmente quando sua voz e atuação afrontam os interesses de empresários, empreendimentos e parlamentares radicais de extrema direita que desejam dominar os territórios e os bens naturais da Baía de Todos os Santos.
O Mandato Popular das Águas vem a público denunciar a grave e sistemática violência política de raça e de gênero que a vereadora Eliete Paraguassu (PSOL) vem enfrentando, fruto de uma política deliberada, coordenada e contínua de perseguição e violência psicológica contra uma liderança que se recusa a ser silenciada.
A perseguição sistemática tem como objetivo silenciar, criminalizar e desumanizar uma mulher negra, quilombola, marisqueira e defensora dos direitos humanos e dos territórios tradicionais, e que hoje ocupa uma cadeira na Câmara Municipal de Salvador. Trata-se de um procedimento intencional de tortura psicológica, uma tentativa orquestrada de minar sua saúde mental, isolar sua atuação política e desacreditar a potência coletiva que seu mandato representa para o povo das águas, das mulheres negras e das comunidades tradicionais.
Eliete Paraguassu não negocia a dignidade de seu povo e não negocia os bens naturais de Salvador. E é por conta da força de sua luta e de seus posicionamentos que tentam plantar a dúvida, espalhar mentiras e promover o isolamento político. Não nos calarão! Seguiremos ao lado de Eliete, firmes na luta por justiça ambiental, por democracia efetiva e pela defesa dos territórios tradicionais.”