Moraes afasta delegado de investigação sobre suposta interferência de Bolsonaro na PF
Felipe Leal queria incluir mudanças recentes no comando de investigações

Foto: Agência Brasil
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, determinou nesta sexta-feira (27) o afastamento do delegado Felipe Leal das investigações sobre suposta interferência política do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), na Polícia Federal. Além disso, o ministro anulou os pedidos de informações, feitos por Leal à PF, de atos administrativos do atual diretor-geral da corporação, Paulo Maiurino, que assumiu o cargo em abril deste ano.
De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, Felipe Leal queria incluir, no inquérito sobre a suposta interferência de Bolsonaro, as decisões de Maiurino que levaram à troca de delegados que atuaram em investigações sobre o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles. Para Moraes, no entanto, essas informações pedidas pelo delegado não guardam qualquer relação com o inquérito, que foi aberto em 2020, antes de Maiurino assumir o comando da corporação.
Alexandre de Moraes é relator do inquérito sobre a suposta interferência de Bolsonaro na PF desde outubro de 2020 em substituição ao ministro Celso de Mello, que se aposentou. O delegado em questão havia sido designado para conduzir a investigação pelo próprio ministro, em julho. Mas, em despacho proferido nesta sexta-feira, Alexandre de Moraes apontou que Felipe Leal determinou a realização de diligências que investigariam atos do atual diretor-geral da PF Paulo Maiurino e que, portanto, estariam fora do escopo inicial da investigação.
"Não há, portanto, qualquer pertinência entre as novas providências referidas e o objeto da investigação", escreveu o ministro. Ao retomar o prosseguimento do inquérito, o delegado Felipe Leal havia solicitado cópia de processos administrativos referentes a atos de gestão de Maiurino, como a exoneração do delegado Alexandre Saraiva do comando da Superintendência da PF do Amazonas.
O delegado também pediu informações sobre investigações abertas na Procuradoria-Geral da República (PGR) a respeito da produção de relatórios da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para orientar a defesa do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ). "O presente inquérito foi instaurado, a pedido da Procuradoria-Geral da República, para apuração de supostos fatos noticiados em pronunciamento do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Fernando Moro, iniciado às 11h do dia 24/42020, no auditório Tancredo Neves, localizado no Palácio da Justiça, edifício-sede do Ministério da Justiça e Segurança Pública, imputando a prática de ilícitos ao presidente da República", escreveu o ministro.