Moraes encaminha pedido de investigação à PGR sobre suposta interferência de Bolsonaro na PF
Pedido é referente à investigação da corporação contra ex-ministro do MEC, Milton Ribeiro

Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, encaminhou nesta terça-feira (28), à Procuradoria-Geral da República (PGR), um pedido feito pelo líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), para que o presidente Jair Bolsonaro (PL) seja investigado por suposta interferência na Polícia Federal.
O ofício aponta que Bolsonaro teria supostamente interferido em investigação da corporação contra o ex-ministro Milton Ribeiro. O pedido foi feito no âmbito do inquérito do STF aberto após a saída de Sérgio Moro do cargo de ministro da Justiça.
Randolfe pede ainda que sejam tomadas medidas “a fim de evitar interferências indevidas” do presidente e da cúpula do governo nas investigações da PF.
“Nesse sentido, requeremos a Vossa Excelência, na qualidade de Ministro responsável pela condução do Inquérito 4.831, que tem por objeto a interferência indevida do Presidente da República na Polícia Federal, que tome as medidas cabíveis a fim de evitar interferências indevidas da cúpula do Poder Executivo nas atividades-fim da Polícia Federal, determinando, se for o caso, a abertura de inquérito para apurar a conduta de violação de sigilo e de obstrução da justiça do Presidente Jair Bolsonaro”, afirma trecho do pedido.
Ribeiro teve prisão preventiva decretada na última semana no âmbito da Operação Acesso Pago. O ex-ministro ainda foi alvo de busca e apreensão e teve o sigilo bancário quebrado, por ordem do juiz federal Renato Borelli.
Anteriormente, a PF interceptou ligações telefônicas do ex-ministro. Uma delas, datada em 9 de junho, mostra Ribeiro conversando com a filha e afirmando que Bolsonaro teria antecipado sobre busca e apreensão contra o ex-ministro.
Diante disso, o MPF apontou uma "possível interferência ilícita por parte do presidente da República Jair Bolsonaro nas investigações".
"A única coisa meio... hoje o presidente me ligou... ele tá com um pressentimento, novamente, que eles podem querer atingi-lo através de mim, sabe? É que eu tenho mandado versículos pra ele, né?", disse em ligação. "Não! Não é isso... ele acha que vão fazer uma busca e apreensão... em casa... sabe... é... é muito triste. Bom! Isso pode acontecer, né? Se houver indícios né...", seguiu Milton.