Moraes pede extradição de ex-assessor do TSE acusado de vazamento de conversas
Pedido já foi enviado para o Itamaraty

Foto: Reprodução/Redes Sociaisp
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), pediu ao Ministério da Justiça a extradição de Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do magistrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) da Itália para o Brasil.
O ex-assessor foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) na última sexta-feira (22) pelo vazamento para a imprensa de conversas entre servidores do STF e do TSE que assessoravam Alexandre de Moraes 2024, quando o ministro esteve na presidência da Corte Eleitoral e organizou as eleições daquele ano.
O ex-assessor foi acusado dos crimes de violação de sigilo funcional, coação no curso do processo, obstrução de investigação penal sobre organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Após o começo das investigações sobre o vazamento das conversas, Tagliaferro foi exonerado e deixou o Brasil rumo à Itália, onde vive atualmente. De acordo com o Ministério da Justiça, a solicitação de extradição já foi enviado ao Itamaraty.
Eduardo Tagliaferro foi chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE. As conversas vazadas abordavam pedidos realizados por Moraes à produção de relatórios sobre alvos de inquérito sobre ataques ao STF e disseminação de notícias falsas contra os ministros da Corte.
As mensagens foram publicadas pelo jornal Folha de S.Paulo em agosto de 2024. De acordo com a denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, o vazamento objetivou ferir a credibilidade e por em dúvida a imparcialidade do STF e TSE.
Em depoimento prestado à PF sobre o vazamento das mensagens, em que ele próprio aparece como interlocutor, Tagliaferro lançou suspeitas sobre a atuação da Polícia Civil de São Paulo, declarando ter entregue o aparelho celular desbloqueado aos investigadores em meio a um caso de violência doméstica.
Gonet afirmou que esta foi mais uma tentativa de atrapalhar as investigações. Na denúncia, o PGR traz mensagens obtidas pela PF, a partir da apreensão de um dos aparelhos celulares do ex-assessor, em que ele admite o vazamento de conversas sigilosas.
Entrevista e ameaça
A denúncia da PGR foi apresentada depois que Tagliaferro ameaçou revelar outras informações sigilosas, em entrevista dada no mês passado ao blogueiro Allan dos Santos, que também é investigado por críticas ao STF.
“Tenho bastante coisa”, disse Tagliaferro na entrevista. “Tem algumas coisas fraudulentas que foram feitas”, disse ele, após dizer que havia direcionamento na atuação de Moraes contra personalidades de direita.
Para Paulo Gonet, a entrevista é mais uma prova que o ex-assessor do TSE aderiu aos objetivos de uma organização criminosa que tem intenção de desestabilizar as instituições brasileiras.
“O anúncio público recente (30.07.2025), em Estado estrangeiro, da intenção de revelar novas informações funcionais sigilosas, lançando, inclusive, campanha de arrecadação de recursos para financiar o seu intento criminoso, atende ao propósito da organização criminosa de tentar impedir e restringir o livre exercício do Poder Judiciário”, escreveu o PGR.