Morte de iraniana presa por não usar véu gera revolta no Irã
Mahsa Amini, 22 anos, foi hospitalizada com sinais de agressão e morreu

Foto: Reprodução/Redes Sociais
A morte da iraniana Mahsa Amini, de 22 anos, causou revolta e comoção em todo o mundo. A jovem, que morreu na última sexta-feira (16), ficou em coma depois de ser presa pela polícia moral do Irã por não estar usando o véu islâmico em público. "Cara Mahsa, seu nome se tornará um símbolo", titula a primeira página do jornal de negócios "Asia" neste domingo (18), em uníssono com grande parte da imprensa iraniana.
Mahsa Amini visitava a capital do Irã com a família quando foi presa na última terça-feira pela unidade especial da polícia responsável por vigiar o cumprimento das regras de indumentária impostas às iranianas, como a obrigatoriedade de cobrir o cabelo. A polícia de Teerã informou no último sábado (17), em comunicado, que Mahsa havia sido detida com outras mulheres para receber "explicações e instruções" sobre o código de vestimenta.
Atualmente, a unidade policial tem sido criticada por suas intervenções violentas contra mulheres suspeitas de violar o código de vestuário em vigor no país desde a revolução islâmica em 1979. Até o momento, no entanto, a polícia de Teerã nega que houve contato físico entre os policiais e a jovem Amini. O presidente iraniano, Ebrahim Raissi, pediu uma investigação. "A nação expressou seu pesar pela triste morte de Mahsa", escreveu o jornal ultraconservador Javan.
Tuítes
Após a morte de Mahsa, muitos artistas e autoridades políticas expressaram sua raiva nas redes sociais. O ex-presidente e líder reformista Mohammad Khatami, por exemplo, pediu às autoridades que "pusessem fim às ações contra a lei, a lógica e a Sharia" e "levassem os autores do incidente à justiça". O grande aiatolá Assadollah Bayat Zanjani denunciou como "ilegítimos" e "ilegais" todos os "comportamentos e eventos" que levaram a "este infeliz e lamentável incidente". "O Corão impede claramente que os fiéis utilizem a força para impor o que consideram ser valores religiosos e morais", disse ele.
O diretor de cinema Asghar Farhadi, vencedor de dois Oscars de melhor filme estrangeiro, observou que "Mahsa está mais vivo hoje do que nós" porque "estamos dormindo, sem reação a esta crueldade sem fim, somos cúmplices deste crime".