MP pede bloqueio de R$ 3 milhões em bens de empresário suspeito de matar gari em BH
Medida tem como objetivo impedir que os bens do empresário e da esposa dele, que é delegada, sejam desviados antes do pagamento de indenização; empresário confessou o crime na segunda (18)

Foto: Reprodução/Redes Sociais
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) pediu o bloqueio de R$ 3 milhões em bens do empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, preso por suspeita de atirar e matar Laudemir de Souza Fernandes, gari de 44 anos, em Belo Horizonte (MG), e da esposa dele, a delegada Ana Paula Lamego Balbino Nogueira.
A medida tem como objetivo impedir que os bens do casal sejam desviados antes que os familiares do gari recebam indenização. A polícia indiciou René por homicídio duplamente qualificado, porte ilegal de arma e ameaça. Se condenado, ele pode pegar até 30 anos de prisão.
Na segunda-feira (18), em um novo interrogatório, o empresário confessou ter matado Laudemir Fernandes. Ele detalhou que o crime de homicídio foi cometido durante uma discussão de trânsito e que Ana Paula Lamego não tinha conhecimento de que ele pegou a arma dela.
Inicialmente, Renê da Silva Nogueira René negou qualquer envolvimento no assassinato e disse que toma remédios controlados. Na audiência de custódia, o juiz mencionou que o empresário já responde por violência doméstica contra a ex-esposa, demonstrando "uma personalidade violenta".
Os advogados Leonardo Guimarães Salles, Leandro Guimarães Salles e Henrique Viana Pereira deixaram a defesa de Renê ainda na segunda. Segundo os advogados, "o investigado foi informado e irá constituir novo procurador".
Em nota enviada à imprensa, Leonardo Salles, afirmou que deixou o caso por "motivo de foro íntimo" após conversa reservada com Renê.
O crime
Laudemir Fernandes foi morto no bairro de Vista Alegre, em Belo Horizonte. Segundo a polícia, Renê estava em um carro elétrico da BYD, quando pediu para que a motorista de um caminhão do lixo retirasse o veículo do local para que ele passasse.
A mulher argumentou que havia espaço suficiente para o carro passar, mas o empresário teria se irritado e dito que caso esbarrasse em seu veículo, ele atiraria. Os coletadores de lixo tentaram intervir, quando Renê realizou os disparos contra Laudemir.
De acordo com a prefeitura, o gari chegou a ser socorrido pela Polícia Militar para um hospital, mas não resistiu aos ferimentos. Ele prestava serviços por meio de uma empresa terceirizada de limpeza.
Renê foi preso horas após o crime em uma academia. Um vídeo registrado por uma câmera de segurança mostra o empresário manuseando a arma usada no crime na garagem do prédio onde mora.
Nas cenas, Renê retira a pistola calibre 380 de uma mochila, manipula o equipamento e o recoloca na mochila. Mais tarde, o vídeo também mostra René passeando com os cachorros horas após o crime. Assista:
À polícia, Renê afirmou que a arma pertencia a sua esposa, a delegada Ana Paula Balbino Nogueira da Polícia Civil de Minas Gerais. A delegada entregou voluntariamente o armamento e declarou que René não tinha acesso às armas, além de afirmar desconhecer o crime.
Segundo o Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826), o proprietário de uma arma só pode ser responsabilizado criminalmente em casos de omissão envolvendo menores ou pessoas incapazes.
A Corregedoria-Geral da Polícia Civil instaurou um procedimento disciplinar e um inquérito para investigar a conduta de Ana Paula, incluindo possíveis falhas na guarda da arma ou participação indireta no homicídio.
Quem era a vítima
Laudemir, mais conhecido como Lau, trabalhava há sete anos como gari. Segundo familiares, ele era apaixonado pela profissão, e estava prestes a ser promovido para atuar na portaria.
Ele deixa uma filha de 15 anos e uma enteada, além da companheira, com quem morava há cinco anos.