Sigmund Freud e Michael Foucault, importantes figuras do pensamento contemporâneo, não gostavam de música. O primeiro porque sofria de melofobia e o outro considerava-a um entrave para a evolução mental do homem. Isso porque naquela época, seja no começo ou meados do século 20, período em que viveram o alemão e o francês, não existia uma quantidade colossal de pseudo-artistas com músicas que cultuam o sexismo, violência ou, então, não dizem absolutamente nada. Freud e Foucault ao menos deixaram um legado e tanto para a humanidade.
Décadas depois, o astrônomo e biólogo estadunidense Carl Sagan entendeu a música como uma estupenda criação do ser humano. No outro extremo, do brilhante ao medíocre, até mesmo Adolf Hitler era admirador incondicional de música. Enfim, o som em forma de melodia encanta muita gente, do rico ao pobre, do culto ao ignorante.
O que varia é a acessibilidade e, principalmente, vontade de conhecer diferentes ritmos e propostas.
Ironicamente, numa época em que o acesso à música é fácil e rápido devido à internet ou mesmo à quantidade de pessoas que se aventuram no cenário musical, bandas e artistas de qualidade lastimável são representantes do que é a música na contemporaneidade. São as que mais aparecem nas mídias e as que mais vendem, mas têm algo a dizer à posteridade?
E a postura pública destas porcarias é de uma cara de pau incrível, sem problema algum de tocar composições infantilóides e cantar letras de queimar neurônios, quando não de cunho sexista, com temas explícitos demais (vulgar, em outras palavras).
A música é uma ferramenta que educa, mas a democratização da música deve ser ponderada. É ótimo que a música atinja tão facilmente diferentes camadas sociais com os atuais serviços de streaming, assim como é louvável que a própria indústria musical busque novos artistas que tanto represente as comunidades como as elites, além dos inúmeros nichos da sociedade.
No entanto, é preciso ordenar a forma de levar cultura por meio da música e não aceitar que a vulgaridade, camuflada pelo hype e contratos milionários, seja a linha de frente da universalização da música, a porta de entrada para a cultura. Só a batida é mesmo o que importa?