"Não funciono sob ameaça", afirma Motta após ameaças de Eduardo Bolsonaro
Segundo o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo será tratado como qualquer outro parlamentar

Foto: Marina Ramos / Câmara dos Deputados | Mário Agra/Câmara dos Deputados
O presidente da Câmara Hugo Motta (Republicanos-PB) afirmou que as ameaças do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) contra ele não irão mudar sua maneira de agir. Em entrevista ao Blog da Andréia Sadi, do G1, o parlamentar ainda pontuou que "não funciona sob ameaça".
"Eu não levo muito em consideração essas ameaças, porque - primeiro - não funciono sob ameaça. Então, para mim, isso não altera nem o meu humor, nem a minha maneira de agir", afirmou Motta.
Eduardo, que está nos Estados Unidos, já fez ameaças tanto a Motta quanto ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). No último dia 13 de agosto, o deputado defendeu que as autoridades dos Estados Unidos apliquem sanções as autoridades brasileiras se os projetos de anistia e impeachment contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) não fossem pautados. Além disso, ele afirmou que Motta e Alcolumbre "já estão no radar" do governo norte-americano.
Na última sexta-feira (15), Motta encaminhou ao Conselho de Ética da Câmara quatro pedidos de cassação contra Eduardo. As denúncias, que estavam paradas na Mesa Diretora há semanas, foram feitas pelo PT e pelo PSOL. Eles acusam o deputado de quebra de decoro parlamentar, por supostamente atuar contra os interesses do Brasil e em defesa de sanções impostas pelo governo de Donald Trump.
"Nós temos dito que o deputado Eduardo Bolsonaro será tratado como todo e qualquer deputado, obedecendo o regimento da casa. Nem haverá privilégio, nem também haverá o interesse de prejudicar. Nós temos que saber separar as coisas, porque o papel do presidente da casa é agir com muita imparcialidade. Nós temos que ter a condição de conduzir com muito equilíbrio para que a Câmara possa estar focada naquilo que realmente interessa, que são os problemas do nosso país", declarou Motta.
Nessa quarta-feira (20), a Polícia Federal indiciou Eduardo e o seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), por coação a autoridades responsáveis pela ação penal do golpe de Estado.
Em uma publicação no X (antigo Twitter), Eduardo considerou "lamentável e vergonhoso ver a Polícia Federal tratar como crime o vazamento de conversas privadas, absolutamente normais, entre pai e filho e seus aliados".
Ele também afirmou que sua atuação nos Estados Unidos "jamais teve como objetivo interferir em qualquer processo em curso no Brasil".
"Sempre deixei claro que meu pleito é pelo restabelecimento das liberdades individuais no país, por meio da via legislativa, com foco no projeto de anistia que tramita no Congresso Nacional", complementou.
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