'Não tenho interesse em ter uma estatal levando prejuízo', diz Lula sobre Correios
Prejuízo da estatal em 2023 foi calculado em R$ 633 milhões e foi para R$ 2,6 bilhões em 2024.

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
O presidente Lula (PT) negou nesta quinta-feira (18) qualquer chance de privatização dos Correios, apesar da crise que a estatal encara. O chefe do Executivo considerou que as dificuldades financeiras da empresa podem ser fruto de uma "gestão equivocada".
"Enquanto eu for presidente não vai ter privatização. Pode ter construção junto com empresas. Enquanto eu estiver na presidência não vai ter privatização dessas empresas, pode ter parceria, economia mista, mas privatização não vai ter", disse.
Lula deu a declaração sobre os Correios durante um café da manhã com jornalistas, no Palácio do Planalto.
O prejuízo da estatal em 2023 foi calculado em R$ 633 milhões, foi para R$ 2,6 bilhões em 2024. No acumulado de janeiro a setembro, os Correios tiveram déficit de R$ 6 bilhões em 2025 e poderá encerrar com resultado negativo de R$ 10 bilhões.
Nas últimas semanas, o governo passou a discutir sobre um plano de socorro aos Correios, que poderia envolver um aporte (transferência direta de recursos) para a estatal ou empréstimo de bancos com garantia do Tesouro (seguro caso Correios não paguem a dívida).
O presidente lamentou a crise financeira da empresa, considerando a importância dos Correios para o Brasil.
"Uma empresa pública não pode ser a rainha do prejuízo. Trocamos o presidente dos Correios, chamamos a ministra Esther e Rui, colocamos alguém com muita expertise e responsabilidade e vamos tomar medidas que tivermos que tomar, mudar todos os cargos que tivermos que mudar e colocar pessoa com competência", afirmou o presidente.
Prejuízo bilionário
O ministro Fernando Haddad (PT), da Fazenda, disse nesta terça-feira (16) que a proposta de empréstimo aos Correios já está em análise pela equipe econômica e poderá chegar a R$ 12 bilhões. De acordo com o ministro, o ministério deverá encerrar a avaliação do plano de reestruturação da estatal até esta sexta-feira (19).
“Já enviou. Já tá aqui, já enviou com plano de reestruturação. Nós estamos ultimando a análise do Tesouro para verificar a consistência do projeto e encaminhar”, afirmou Haddad.
Segundo o ministro, além da proposta dos Correios, ocorreu uma negociação com um pool de bancos interessados em participar do financiamento, respeitando as regras fiscais e também sem romper o teto de juros estabelecido pelo Tesouro. O órgão disse que não daria garantia em empréstimo com juros maior que 120% do CDI.
“Também fizemos uma negociação com o pool de bancos que estariam dispostos a entrar no financiamento dentro das regras estabelecidas, pré-estabelecidas, sem romper o teto”, disse.
Haddad não deu detalhes sobre a taxa de juros do empréstimo, mas disse que os parâmetros já foram definidos pela Fazenda, pois o Tesouro limitou a 120% do CDI.
A estatal apresentou em novembro um plano de reestruturação mais robusto, contendo previsão de demissão voluntária de 15 mil funcionários; venda de imóveis e empréstimo de R$ 20 bilhões.
A expectativa é de que a proposta mais recente de empréstimo de bancos seja aprovada ainda nesta semana para poder viabilizar o pagamento de funcionários e fornecedores dos Correios. O valor do empréstimo deverá ser menor que o previsto inicialmente e estabelecer em R$ 12 bilhões.


