Número de baianos que não se alimentam com qualidade cresce na Bahia

Cerca de 1,9 milhão da população cadastrada no Cadúnico vive com R$ 89 por mês

[Número de baianos que não se alimentam com qualidade cresce na Bahia ]

FOTO: Vitor Santos / Ascom Sempre

O número de baianos que não se alimenta com qualidade e em quantidade suficiente, cresceu ainda mais após a pandemia do coronavírus. De acordo com o secretário de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social da Bahia (SJDHDS), Carlos Martins, 1,9 milhão de pessoas cadastradas no CadÚnico vivem com R$ 89 e R$ 150 por mês. "Nós temos o Cadastro Único com 3.450 bilhões famílias. O CadÚnico já lhe dá uma ideia da pobreza na Bahia, porque 1,2 milhão vivem com até R$ 89 por mês, 1,9 milhão vivem com entre R$ 89 e R$ 150. Então a gente já sabe o número mais ou menos, e onde estão localizados, que é basicamente na região do semiárido da Bahia, que temos boa parte do nosso território. Com o CadÚnico nós temos a noção exata de onde estão a extrema pobreza, a fome".

Segundo os dados da última pesquisa divulgada pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), sobre segurança alimentar, em 2018, revelavam que essas consequências da fome agravam ainda mais a vulnerabilidade à Covid-19. 

Em entrevista ao G1, o secretário da SJDHDS, Carlos Martins, afirmou que a maior parte das pessoas que vivem em extrema pobreza e convivem mais perto com a insegurança alimentar moram no semiárido. “A Bahia é um estado de 14 milhões de habitantes, a maior economia do Nordeste, mas também tem uma boa parte da população no semiárido e vivendo em extrema pobreza. Segundo os dados do CadÚnico, a Bahia é o estado que mais recebe Bolsa Família, isso quer dizer que a questão da fome é uma preocupação muito forte". 

Segundo a Secretaria, desde o início da pandemia, o orçamento do órgão foi direcionado às ações de enfrentamento à fome e à vulnerabilidade social, que aumentaram sensivelmente desde março de 2020.

O secretário de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esporte e Lazer de Salvador (Sempre), Kiki Bispo, revelou que o número de pessoas em insegurança alimentar aumentou ainda mais durante a pandemia. “A gente percebe pelos nossos equipamentos. Nós temos 28 CRAS [Centro de Referência da Assistência Social], sete CREAS [Centro de Referência Especializado de Assistência Social], e temos quatro centros voltados a população de rua. Então, naturalmente a gente percebe que a procura pelos nossos equipamentos tem crescido. Isso é um índice muito claro de que a pobreza tem aumentado”.

Segundo o secretário da Sempre, outro aspecto que precisa ser levado em conta é a segunda onda da Covid-19 e a suspensão do auxílio emergencial do governo federal nos últimos meses. “Na verdade, assim, o primeiro fato que devemos levar em conta é que nós estamos já em uma segunda onda da Covid-19, que voltou mais agressiva e que trouxe novamente as medidas restritivas. Essas medidas fecham comércio, elas pedem para que as pessoas fiquem em casa, então isso impacta diretamente na economia”.

Para tentar amenizar o sofrimento dessas pessoas, a prefeitura de Salvador, que antes cobrava R$ 1 em uma quentinha nos dois restaurantes populares, passou a ofertar a alimentação de graça. 

Salvador ainda conta com outros dois restaurantes populares, administrados pelo governo do estado, que ficam no bairro do Comércio e da Liberdade, e também cobram R$ 1 no prato de comida. Crianças com menos de cinco anos têm a refeição gratuita.


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