Número de transplante de córnea diminui com a pandemia no Brasil
Fila de espera cresceu cerca de 80%, saltando de 10,7 mil inscritos no final de 2019 para 18,8 mil em dezembro de 2021

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Desde a chegada da pandemia de covid-19 ao Brasil, o transplante de córnea registra forte queda no país. Em 2020, o número de procedimentos caiu praticamente pela metade, totalizando 7,1 mil cirurgias ante 14,9 mil em 2019, segundo dados da ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos).
No ano passado, o levantamento da associação mostra que o procedimento continuou 16% abaixo da pré-pandemia com 12,7 mil brasileiros transplantados. A fila de espera também cresceu cerca de 80% neste período, saltando de 10,7 mil inscritos no final de 2019 para 18,8 mil em dezembro de 2021.
De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, presidente do Instituto Penido Burnier de Campinas, este balanço mostra a estimativa de um estudo inédito publicado este mês na revista científica CORNEA, que revela que o Brasil vai precisar aumentar 34% os transplantes mensais em São Paulo e em 91% no País para tentar retomar, em dois anos, o número de inscritos na fila de espera antes da COVID.
Leôncio Neto também ressalta que 7 em cada 10 dos que aguardam por uma córnea são jovens. Isso porque, no Brasil a maior causa de transplante de córnea é o ceratocone que geralmente surge no início da adolescência.
Com base nos dados do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia) do qual o médico faz parte, 100 mil brasileiros têm a doença. No topo do ranking de inscritos na fila de transplante estão moradores de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.