Vídeo: O Estado é laico, mas a Bíblia sempre esteve na escola, afirma Manoel Calazans no Podomblé
Convidado também analisa raízes religiosas da educação brasileira
Foto: Reprodução/FB Comunicação
O assessor especial da Secretaria de Educação da Bahia (SEC-BA), Manoel Calazans, afirmou que a presença de símbolos cristãos nas escolas públicas brasileiras é resultado de uma herança histórica ligada ao catolicismo. A declaração foi feita durante participação no podcast Podomblé, apresentado por Adriano Azevedo, em episódio sobre Educação Antirracista nas Escolas Estaduais.
Calazans lembrou que o processo educacional no Brasil teve origem nas instituições religiosas e que a influência dos jesuítas consolidou uma tradição que ainda hoje se reflete em espaços públicos. Segundo ele, é comum encontrar crucifixos e Bíblias abertas em repartições e escolas, o que contrasta com o princípio do Estado laico.
“A Bíblia sempre esteve na escola. A gente tem uma tradição pedagógica quase católica. É comum chegar em um espaço público e ver um crucifixo, uma Bíblia aberta no Salmo 91 ou no Salmo 23, e as pessoas naturalizam isso como se fosse normal”, afirmou.
O assessor ressaltou que a laicidade do Estado deve ser respeitada e que o ambiente escolar não deve reproduzir práticas religiosas. Ele defendeu que espaços de fé, como igrejas, terreiros e centros espíritas, têm papel social legítimo, mas não devem ocupar o espaço público de ensino.
Calazans também criticou a forma como manifestações religiosas de matriz africana são vistas pela sociedade, apontando que o estranhamento diante desses símbolos é resultado de preconceito histórico.
“Não é a mesma coisa colocar uma imagem de um orixá na escola. As pessoas estranham, mas esse estranhamento foi construído. Por trás disso há preconceito e violência”, disse.
O episódio está disponível no canal FB Comunicação – Podcast, e faz parte de uma série de debates sobre educação, diversidade e religiosidade no contexto das políticas públicas da Bahia.
Confira o vídeo abaixo:
