O rastro do crime

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É óbvio e pontual o próximo movimento da investigação dos hackeamentos de celulares de autoridades brasileiras: descobrir se o crime teve financiadores. O envolvimento da ex-deputada Manuela D’avila (PCdoB), que reforça laços do sócio-proprietário do The Intercept Brasil, Glenn Greenwald, ao caso, dá contornos que a oposição jamais imaginaria e, por certo, torna tudo mais suspeito. Mas, afinal, Delgatti teria motivações políticas, partidárias, movido por um auto senso de justiça, puro estelionato ou executou um trabalho encomendado?
Em se tratando de dinheiro, é inegável a suspeita nas movimentações financeiras do hacker Walter Delgatti Neto, que na sexta-feira passada detalhou um pouco do crime – em depoimento – à Polícia Federal, no entanto, simplesmente disse “não saber” de onde obteve recursos para compor as aplicações que, segundo ele, o sustenta, já que não exerce profissão remunerada. O Vermelho, como é conhecido, ainda deve explicação sobre operações de câmbio feitas nos aeroportos de Brasília e Natal, uma em cada.
Meias palavras, num inquérito policial, são o bastante para potencializar suspeitas e pressionar aquele que devem explicações plausíveis para se chegar a algo maior.
Delgatti, pressionado, revelou o caminho do hackeamento até Greenwald e, naquela noite de sexta passada, a nota divulgada por Manuela para se posicionar sobre o envolvimento, que em momento nenhum o nega, é um bravo indício de que o depoimento do Vermelho é um tanto quanto coerente e verdadeiro.