OIT e Unicef anunciam que trabalho infantil aumentou em todo mundo pela primeira vez em 20 anos

Dados sobre situação das crianças de 5 a 17 anos foram apresentados nesta quinta-feira (10)

[OIT e Unicef anunciam que trabalho infantil aumentou em todo mundo pela primeira vez em 20 anos]

FOTO: Reprodução/Agência Brasil

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) anunciaram nesta quinta-feira (10) que o número de crianças vítimas de trabalho infantil apresentou um aumento pela primeira vez em 20 anos, atingindo 160 milhões no mundo. As informações divulgadas pelas instituições baseiam-se em dados de 106 pesquisas que cobrem mais de 70% da população mundial de crianças entre 5 e 17 anos. 

No relatório "Trabalho Infantil: estimativas globais de 2020, tendências e o caminho a seguir", divulgado por ocasião do Dia Mundial contra o Trabalho Infantil (celebrado em 12 de junho), destaca-se a necessidade de medidas para combater a prática, que poderá ser agravada pela pandemia da Covid-19. O relatório adverte ainda que "o trabalho infantil compromete a educação das crianças, restringe os seus direitos, limita as suas oportunidades futuras e contribui para a manutenção de ciclos de pobreza viciosos."

O documento destaca que, pela primeira vez em 20 anos, a evolução da erradicação do trabalho infantil "inverteu o sentido", contrariando a tendência de queda registrada entre 2000 e 2016, período em que houve redução de pelo menos 94 milhões de crianças no mundo do trabalho.

Nos últimos quatro anos, esse aumento foi de 8,4 milhões de pessoas. "Cerca de 9 milhões a mais de crianças estão em risco devido aos efeitos da covid-19" até o fim de 2022, e "esse número poderá aumentar para 46 milhões, caso não venham a ter acesso a medidas de proteção social essenciais.", diz o documento.

A diretora executiva do Unicef, Henrietta Fore, defendeu a importância de se investir em programas que desestimulem o trabalho infantil, num momento em que o fechamento de escolas, as crises econômicas e os ajustes nos orçamentos nacionais podem forçar as famílias "a tomar decisões muito drásticas".

"Apelamos aos governos e os bancos internacionais de desenvolvimento para que priorizem os investimentos em programas que permitam que as crianças saiam do mercado de trabalho e regressem à escola, além de apostarem em programas de proteção social que evitem que as famílias tenham de recorrer ao trabalho infantil.", disse a diretora.

O relatório mostra ainda um aumento substancial no número de crianças, que trabalham e que representam mais de metade de todos os casos de trabalho infantil no mundo. O número de crianças  entre 5 e 17 anos, envolvidas em atividades laborais que podem prejudicar a sua saúde, aumentou 6,5 milhões desde 2016, situando-se atualmente em 79 milhões, acrescenta.

A publicação indica que 70% dos casos de trabalho infantil, o equivalente a 112 milhões de crianças, ocorrem no setor agrícola, 20%, o correspondente a 31,4 milhões de menores, nos serviços, e 10%, 16,5 milhões de crianças, na indústria. O trabalho infantil nas áreas rurais (14%) é quase três vezes superior quando comparado com as áreas urbanas (5%).

"A proteção social inclusiva permite que as famílias mantenham seus filhos na escola, mesmo em situação econômica adversa. O aumento do investimento é essencial para promover o desenvolvimento rural e o trabalho decente no setor agrícola", disse o diretor-geral da OIT, Guy Ryder.

"Estamos num momento crucial, os resultados alcançados vão depender, em grande parte, das medidas que tomarmos" e é necessário reiterar o compromisso e a vontade "para reverter essa situação e interromper o ciclo da pobreza e do trabalho infantil", pediu.


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