Passando vergonha

Por Da Redação
Às

Passando vergonha

Foto: Reprodução

Não é novidade alguma que a morte de celebridades e autoridades é um prato cheio ao espetáculo inescrupuloso da imprensa, vide o acidente doméstico do apresentador Gugu Liberato em Orlando (Estados Unidos) que inundou a internet – jornais eletrônicos e redes sociais – de notícias apressadas e falsas sobre sua morte.

A vergonha, desta vez, foi ampla: das mídias que publicaram sem checagem de uma fonte oficial (ou simplesmente ignorando isso pela ânsia do ‘furo’) e dos veículos e perfis de aristas e da população que ordinariamente reproduziram informação equivocada – e pesada – daqueles que cravaram o falecimento de Gugu.

No início da noite de ontem, praticamente a cada minuto um novo site informava a morte do apresentador. Como um rolo compressor do lado obscuro do jornalismo, as mídias optaram pelo pior cenário da informação: antecipar a morte. Porque ao mesmo tempo em que esta hipótese ventilava nas redes sociais e imprensa, também chegava, a esta altura do fato, um pronunciamento oficial da assessoria de imprensa do apresentador, desmentindo o falecimento. 

Mais do que a busca por notícia ruim, de morte, acidente, enfim, do infortúnio alheio, trata-se de uma jornada pela hashtag perfeita, que dá audiência e cliques. Vê, a ética jornalística é ignorada em nome de uma nova dinâmica da notícia: causar impacto, forçar o acesso e o compartilhamento, independente da veracidade e da qualidade do conteúdo. 

É irresponsabilidade noticiar morte sem ter a fonte oficial, além de desrespeito com familiares e amigos que ficam sensíveis e sem chão nestes momentos de tensão – uma informação falsa pode trazer danos irreparáveis. 

Tudo isso é péssimo para a reputação da mídia nacional, ainda bastante fragilizada pela infestação de fake news, principalmente desde as eleições de 2018. O acidente do Gugu é mais um exemplo de como se porta a imprensa em tempos de redes sociais: a urgência pela evidência, sem se importar com a veracidade dos fatos, chutando a ética jornalística para bem longe. 

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie:redacao@fbcomunicacao.com.br
*Os comentários podem levar até 1 minutos para serem exibidos

Faça seu comentário