Paulo Guedes afirma que conta de energia aumentará novamente devido à crise hídrica
Especialistas afirmam que o valor da bandeira vermelha pode mais do que dobrar

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O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou na última quinta-feira (26), durante uma audiência pública no Senado, que a conta de energia aumentará novamente devido à crise hídrica. "Não adianta ficar sentado chorando", afirmou.
De acordo com o jornal O Globo, especialistas estimam que o valor cobrado a cada 100 hwz consumidos, aumentando o valor final da conta de luz, pode mais do que dobrar. A diretora do Instituto Ilumina, Clarice Ferraz, afirmou, com base em dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que o preço da bandeira vermelha deve passar dos atuais R$ 9,49 para R$ 25. “Como esse valor é muito elevado, está se falando em um aumento que faça a bandeira alcançar entre R$15 e R$20”, explica.
Eduardo Faria, responsável pelas áreas de regulação da Mercúrio Trading, afirma ao jornal que o valor a ser definido para o patamar 2 da bandeira vermelha deve durar, ao menos, até dezembro: “O valor vai depender dos custos adicionais com a maior geração térmica e encargos, além dos custos das distribuidoras que já foram cobertos com a bandeira vermelha vigente”.
Por outro lado, os especialistas afirmam que as medidas de estímulo do governo para ajudar na redução do consumo podem trazer reflexos apenas a médio e longo prazos. “A redução do consumo pode ajudar a reduzir o impacto sobre a conta das bandeiras tarifárias a médio prazo, pois reduziria a necessidade do uso das usinas térmicas e das importações de energia. Por enquanto, não traz alívio tarifário, pois estamos trabalhando com gestão de déficit de energia”, explica Clarice.
Com a crise econômica causada pela pandemia, o aumento na conta de energia é um assunto que vem preocupando os consumidores. Indo na contramão, na quarta-feira (25), Paulo Guedes já tinha questionado: "Qual é o problema" de a energia ficar "um pouco mais cara?". Na quinta, entretanto, ele disse que a frase foi retirada de contexto e que há uma antecipação das eleições.
Crise
O Brasil enfrenta a pior crise hídrica nos últimos 91 anos, com grave escassez nos reservatórios das principais usinas hidrelétricas. Nesta semana, o Ministério de Minas e Energia (MME) admitiu, em nota, uma "relevante piora" no cenário hídrico do País e nas projeções para os próximos meses. O governo anunciou novas medidas para restringir o uso de água e afirmou ser "imprescindível" a adoção de todas as ações em andamento e propostas para garantir o fornecimento de energia.
Na quarta (25), o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmou que as perspectivas de chuvas até o fim do período seco deste ano, meados dos meses de setembro e outubro, "não são boas no momento". Em entrevista coletiva, ele afirmou que os meses de julho e agosto registraram a pior quantidade de águas que chegaram nos reservatórios da série histórica.