Percentual de idosos que trabalham alcança maior nível da série histórica no Brasil

Uma parcela maior dos idosos está trabalhando no Brasil, indicam dados divulgados nesta quarta-feira (3) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Segundo o órgão, a parcela da população de 60 anos ou mais que exercia alguma atividade formal ou informal aumentou de 23% em 2023 para 24,4% em 2024.

O percentual do ano passado é o recorde da série histórica do IBGE, iniciada em 2012. Naquele ano, o nível de ocupação dos idosos estava em 22%.

Lida de outra forma, a máxima de 24,4% indica que 1 em cada 4 habitantes de 60 anos ou mais tinha alguma atividade laboral no país em 2024.

O recorde ocorreu em meio ao cenário de envelhecimento da população e, segundo o IBGE, veio a partir da melhora do mercado de trabalho depois da pandemia.

O instituto também destacou que o avanço foi registrado após a reforma da Previdência, que entrou em vigor no país em 2019. À época, o nível de ocupação dos idosos era de 23,1%.

"A gente não tem como separar todos os motivos, mas certamente a reforma da Previdência é um dos fatores que levam as pessoas a trabalhar por mais tempo, a contribuir por mais tempo para se aposentar", afirmou a pesquisadora Denise Guichard Freire, do IBGE.

Os dados divulgados nesta quarta integram a Síntese de Indicadores Sociais. A publicação analisa informações sobre mercado de trabalho, padrão de vida e educação.

Em termos absolutos, a população de 60 anos ou mais ocupada com trabalho foi estimada em 8,3 milhões em 2024. Houve um acréscimo de 752 mil pessoas ante 2023 (7,6 milhões).

Depois de marcar 23,1% em 2019, no pré-pandemia, o nível de ocupação dos idosos chegou a cair a 19,8% em 2020, ano inicial da crise sanitária.

O indicador se recuperou na sequência, até alcançar o recorde de 24,4% em 2024. Considerando a população total de 14 anos ou mais, o nível de ocupação foi de 58,6% no país, outro recorde da série histórica.

TRABALHO POR CONTA PRÓPRIA E INFORMALIDADE SÃO MAIORES ENTRE IDOSOS

Os dados do IBGE indicam que a principal forma de inserção dos idosos no mercado é por meio do trabalho por conta própria.

Os autônomos representavam 43,3% dos ocupados de 60 anos ou mais em 2024. É um percentual superior ao registrado entre a população de 14 anos ou mais (25,2%).

Mais da metade dos idosos ocupados (51,1%) atuava como conta própria (43,3%) ou empregador (7,8%). Entre a população de 14 anos ou mais, a soma dessas duas categorias (25,2% e 4,3%) chegava a 29,5%.

O instituto também sinaliza que a informalidade é maior entre os idosos. Em 2024, 55,7% dos trabalhadores de 60 anos ou mais estavam em ocupações informais – mais da metade. Entre a população de 14 anos ou mais, a proporção foi de 40,6%.

Também há diferenças na renda média. O rendimento do trabalho principal foi de R$ 3.561 por mês para os idosos em 2024. Trata-se de um valor 14,6% superior ao dos ocupados de 14 anos ou mais (R$ 3.108).