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Perigo: Mergulhador denúncia falta de fiscalização de lanchas e jet ski nas praias da Barra

Bernardo Mussi conta que presença de embarcações tem aumentado nesses espaços

Por Emilly Lima
Ás

Perigo: Mergulhador denúncia falta de fiscalização de lanchas e jet ski nas praias da Barra

Foto: Reprodução/ Bernardo Mussi

Mergulhador desde os oito anos de idade, o surfista Bernardo Mussi, hoje com 55 anos, vivenciou uma situação nesse fim de semana, enquanto mergulhava na praia do Porto da Barra, em Salvador, que quase lhe tirou a vida. Ele quase foi atingido por uma hélice de lancha. A situação ocorreu nesse domingo (31), por volta das 16h30.  

Ele conta que foi mergulhar e, pela sua segurança, levou a boia sinalizadora, utilizada pelos mergulhadores como forma de avisar as embarcações sobre mergulhos na área, já que aos finais de semana o movimento de lanchas e jet ski tem se tornado constante nas praias da Barra. Segundo ele, a praia estava lotada, com  dezenas de lanchas ancoradas, algumas muito próximas à faixa da areia e de banhistas, além dos condutores de jet skis, que "circulavam livremente para todos os lados e direções. 

"Muitos [condutores dos jets] fazendo manobras em alta velocidade e também muito próximos da praia. Tanto nas lanchas quanto nos jets era possível ver o consumo livre de bebidas alcoólicas", conta ele ao Farol da Bahia

Ele detalha que mergulhava com tranquilidade há seis metros de profundidade, quando ouviu um barulho de lancha que só aumentava. "Decidi subir e para a minha surpresa a três metros da superfície, vi o casco [da lancha] se aproximando em minha direção e teve que parar onde estava para apreciar a hélice passando na reta da minha cabeça", conta Mussi que completa "Se não tivesse a experiência que tenho, estaria morto agora". 

Mussi explica que essa tem sido uma reclamação constante entre os mergulhadores, principalmente porque já houve feridos e até mortos há alguns anos na praia de Ondina. A principal queixa é que a concentração das embarcações, que de acordo com ele, tem crescido nas praias do Porto e Farol da Barra, coloca em risco a vida de pessoas que praticam atividades de mergulho, caça submarina, natação, esportes com prancha ou até mesmo os banhistas. 

"Pelas excelentes condições é que as lanchas e jets também estão cada dia mais presentes nestes espaços, porém, como temos visto, sem qualquer prudência, limite, preocupação com a vida alheia ou aparente conhecimento das normas do tráfego aquaviário", lamenta. 

Ele denúncia que enquanto as pessoas estão sujeitas ao risco de morte, não há qualquer presença de órgãos fiscalizadores no local para impedir o fluxo de embarcações que não respeitam as sinalizações, ou mesmo que criem regras para delimitar o uso do mar para todas as categorias. "Trata-se de uma área relativamente muito pequena, de grande visibilidade e apelo turístico, com grande facilidade de observação de dentro e fora d'água, e que contando com uma fiscalização efetiva poderia servir de exemplo para outros pontos da cidade. O fato importante é que além das irregularidades flagrantes dessa invasão das lanchas e jets muito próxima da praia, em qualquer velocidade e de qualquer jeito, há muitos pilotos consumindo bebidas alcoólicas, esse é um agravante muito sério", detalha Mussi. 

Bernardo Mussi é um dos idealizadores do Parque Marinho da Barra, iniciativa coordenada pela Secretaria Municipal de Sustentabilidade, Inovação e Resiliência (Secis), lançada em abril de 2019, que teve como uma das responsabilidades criar regras para o fundeio de barcos, lanchas, além de regulamentar a prática de mergulhos e restringir a pesca no local, para que a fauna e a flora fossem preservadas. Mussi também é criador do projeto Fundo da Folia, iniciativa que realiza a limpeza do fundo do mar desde 2010.

O Farol da Bahia entrou em contato com a Secis para questionar quais medidas foram adotadas para impedir que o local fosse agredido por banhistas e embarcações, mas até o momento, não obteve retorno. 

A Capitania dos Portos também foi procurada e informou que é de responsabilidade da prefeitura realizar o ordenamento das orlas, com o objetivo de disciplinar os locais para banhistas, embarcações e esportes náuticos. Mas afirmou que no fim do ano passado, a Capitania em parceria com a Prefeitura de Salvador aprovou um projeto de "balizamento para a área do Porto da Barra". 

"Até que seja concluída a execução do projeto, a Capitania dos Portos segue atuando de forma ostensiva na área do Porto da Barra, realizando fiscalização do Tráfego Aquaviário, de forma a garantir a salvaguarda da vida humana no mar", escreveu em nota. 

Questionado sobre a frequência das fiscalizações, a Capitania dos Portos afirmou que a inspeção naval é realizada diariamente em toda a área da Baía de Todos-os-Santos. Contudo, o grupo de mergulhadores pontuam que as praias seguem lotadas, tanto na faixa de área quanto no mar com alto fluxo de embarcações que não respeitam as normas aquaviárias. 

A Capitania também informou ao Farol da Bahia os dados referente as rondas realizadas pela Marinha do Brasil entre o período de 21 de dezembro de 2020 e 31 de janeiro de 2021, o chamado "Operação Verão". No total foram: 3.516 abordagens; 306 notificações e 34 apreensões. 

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