Pesquisadores chamam atenção para surto de fungo que pode levar à morte
Primeira infecção da nova linhagem do fungo Candida parapsilosis foi registrada em Salvador

Foto: Samuai Villela/Agência Brasil
Pesquisadores brasileiros chamam atenção para o surto da nova linhagem do fungo Candida parapsilosis, que invade a corrente sanguínea e pode levar à morte. O primeiro registro de infecção aconteceu em Salvador, entre 2020 e 2021, durante o auge da pandemia de covid-19. O fungo se mostrou resistente ou tolerante aos principais fármacos antifúngicos.
Publicado na revista Emerging Microbes And Infections, o estudo faz um alerta para a possibilidade de surgirem novas linhagens com a mesma resistência no futuro, além da adoção de práticas que diminuam os riscos de infecções fúngicas nos hospitais.
Foram analisadas 60 amostras do Candida parapsilosis de 57 pacientes com Covid-19 e internados em estado grave na UTI. O estudo genético mostrou que 85% dessas amostras resistentes a fluconazol (um fármaco antifúngico) tinham um mesmo clúster, ou seja, um ancestral comum. Com essa mutação genética, esta cepa da Candida parapsilosis passou a exigir concentrações até oito vezes maiores de fluconazol para se obter alguma resposta inibitória.
Para inibir novas mutações, pesquisadores recomendam o uso do anfotericina B lipossomal, fármaco com maior potencial de toxicidade para humanos e mais caro que o fluconazol e as equinocandinas, porém eficaz no tratamento de Candida resistente ou tolerante.
O uso indiscriminado de antibióticos também é um fator de risco para a infeção por fungos, uma vez que, ao matar microrganismos do intestino, o tratamento pode tornar a parede intestinal mais permeável e permitir que os fungos do gênero Candida, que vivem no trato gastrointestinal humano, entrem na corrente sanguínea. Em condições normais, esses fungos não causam males.