Pesquisadores da Fiocruz Bahia avaliam risco de morte por anemia em pessoas com HIV
Pacientes apresentaram aumento significativo da mortalidade, mesmo após início do tratamento

Foto: Comunicação/HUB
Pesquisadores da Fiocruz Bahia analisaram os riscos associados à anemia grave em indivíduos que vivem com HIV, com base em um estudo internacional conduzido nos Estados Unidos, Quênia e Tailândia. A pesquisa, que foi coordenada por Bruno Bezerril, demonstrou que estes pacientes apresentaram maior risco de desenvolvimento da síndrome de imunoreconstituição inflamatória (Siri), associada ao aumento significativo da mortalidade e morbidade, mesmo após o início da Terapia Antirretroviral (Tarv).
O trabalho foi publicado no periódico eBioMedicine, e tem como primeira autora a estudante egressa do Programa de Pós-Graduação em Patologia Humana (UFBA/Fiocruz Bahia), Mariana Araújo Pereira.
A Siri é uma condição caracterizada por uma rápida deterioração clínica e com processos inflamatórios descontrolados, apesar da supressão da carga viral do HIV e aumento de LT CD4+, podendo surgir no contexto de uma ampla variedade de infecções oportunistas. Os pesquisadores exploraram a relação entre a anemia grave e a Siri, examinando a ocorrência da síndrome em pessoas vivendo com HIV e seu surgimento de acordo com diferentes graus de anemia.
A pesquisa utiliza informações de 506 pacientes, acompanhados por seis meses, antes e depois de iniciarem a Tarv. Os estudos clínicos foram conduzidos com pessoas acima de 18 anos, com diagnóstico positivo para HIV, e sem histórico de Tarv. Os cientistas analisaram a incidência de anemia no grupo e concluíram que 16,3% dos pacientes tinha níveis normais de hemoglobina. Os demais, 83,7%, apresentaram baixos níveis de hemoglobina e foram considerados anêmicos.
Conforme o artigo, 19,3% dos pacientes desenvolveram a Siri. A condição foi mais frequentemente diagnosticada em pacientes anêmicos e, de acordo com os pesquisadores, o risco de surgimento da síndrome mostrou-se estar associado a gravidade da anemia. A mortalidade geral também aumentou de acordo com a gravidade do quadro anêmico. Os resultados favorecem a hipótese de uma relação entre a gravidade do quadro anêmico e o risco de Siri e morte em pessoas vivendo com HIV.
De acordo com o grupo, os resultados reforçam a necessidade de diagnóstico e tratamento precoce, assim com a necessidade de monitoramento da anemia em pessoas com HIV antes e durante a Tarv. Os pesquisadores destacam que a presença desta condição pode ser um importante marcador do risco de desfechos desfavoráveis, como Siri e óbito, em pessoas vivendo com HIV.