Pesquisadores desenvolvem nutracêutico à base de urucum contra gordura no fígado
Produto promete ser aliado no combate à obesidade e a doenças hepáticas

Foto: Eduardo Aledo/Arquivo Pessoal
Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em colaboração com uma startup formada por ex-alunos da instituição, anunciaram o desenvolvimento de um nutracêutico à base de urucum que promete ser um aliado eficaz no combate à gordura no fígado.
Obtido a partir do extrato do urucum, o produto utiliza uma tecnologia patenteada pela Unicamp e está prestes a chegar ao mercado.
O nutracêutico é um suplemento alimentar elaborado a partir de alimentos, como o urucum, que contêm compostos benéficos para a saúde. O foco deste novo produto desenvolvido em Campinas (SP) são pessoas com obesidade ou sobrepeso, fatores de risco para doenças hepáticas.
"Em um cenário onde limitações nutricionais coexistem com questões derivadas do estilo de vida e consumo de alimentos ultraprocessados, os suplementos nutricionais de origem natural estão em crescimento acelerado, atuando principalmente de forma preventiva", destaca Eduardo Aledo, co-fundador da startup envolvida no projeto.
Aledo destaca que a escolha do urucum não foi arbitrária. A pesquisa teve início com a busca por bioativos presentes na biodiversidade brasileira, e o urucum destacou-se por suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, já confirmadas por estudos anteriores.
"A pesquisa de mestrado realizada em 2013 utilizando o processo de extração por dióxido de carbono supercrítico revelou a presença de bioativos tocotrienol e geranilgeraniol, com propriedades interessantes e de efeito sinérgico", afirma Aledo.
Eduardo Aledo informa que o produto está em processo de obtenção de registro como suplemento industrial na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No entanto, já está sendo lançado comercialmente no canal magistral, destinado a farmácias de manipulação, onde será posicionado como insumo para fórmulas manipuladas, atendendo a todos os requisitos científicos necessários
Como foi o estudo?
A pesquisa, liderada pela equipe do professor Mário Roberto Maróstica Júnior, da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp, envolveu a indução de uma dieta hiperlipídica em animais obesos para simular a diabetes tipo 2. O óleo da semente de urucum foi administrado, resultando em melhorias nos parâmetros hepáticos em comparação com o grupo não tratado.
"A principal inovação do nutracêutico reside na composição, contendo ativos carotenoides e terpenoides. Além disso, seu processo de extração limpa oferece uma alternativa a medicamentos tradicionais, sem efeitos colaterais observados nas doses estudadas", destaca o professor Maróstica.