PF compila mais de 50 publicações ligadas a milícias com ameaças contra Dino por voto que condenou Bolsonaro
Companhia encaminhou a consulta ao ministro do STF, Alexandre de Moraes, sobre a conexão das ofensas e o inquérito das milícias digitais
Foto: Sophia Santos/STF
A Polícia Federal (PF) compilou mais de 50 publicações com ligações a milícias com ameaças contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, por conta do voto no julgamento que condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos de prisão por cinco crimes na trama golpista. A companhia encaminhou a consulta ao ministro do Supremo, Alexandre de Moraes, sobre a conexão das ofensas e o inquérito das milícias digitais.
Em setembro deste ano, Dino havia protocolado uma representação junto à PF para investigar as ameaças recebidas pelo magistrado nas redes sociais.
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A PF analisou diversas postagens feitas por diferentes pessoas na internet, com ameaças dirigidas nominalmente ao ministro Flávio Dino e ao delegado de Polícia Federal Fábio Shor.
"A individualização dos alvos confere maior gravidade e reprovabilidade às condutas, porquanto amplia o potencial intimidatório, constrange o exercício regular da função pública e rompe a esfera do debate abstrato para uma concretude persecutória. Portanto, tais comportamentos têm o condão de causar temor real nas vítimas e, consequentemente, obstaculizar o desempenho independente e imparcial de suas funções enquanto agentes públicos", revelou a companhia.
Caso seja reconhecida a vinculação com as milícias, a PF recomenda a atuação de Petição (PET) específica para a apuração das ofensas contra Dino.
O ministro revelou à PF que as ameaças se intensificaram após votar a favor da condenação dos réus. Em algumas ofensas, havia referências aos recentes acontecimentos no Nepal.
"Imediatamente após o voto que proferi, passei a ser destinatário de graves ameaças contra a minha vida e integridade física, veiculadas via internet. Entre os traços que chamam atenção, há uma constante alusão a eventos ocorridos no Nepal, o que parece sugerir uma ação consertada com caráter de incitação", contou o magistrado.
Dino já havia sido ameaçado, quando a PF indiciou uma passageira que gritou, hostilizou e tentou agredir o ministro durante um voo de São Luís–MA para Brasília, às vésperas do início do julgamento de Bolsonaro.
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