PGR pede ao STF depoimento de ex-presidente da Petrobras sobre suposta interferência de Bolsonaro
Segundo Castello Branco, celular entregue continha 'mensagens e áudios que podem incriminar' o presidente

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para ouvir o ex-presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, sobre uma suposta tentativa de interferência irregular do presidente Jair Bolsonaro (PL) na estatal.
Após deixar o cargo, em junho de 2021, Castello Branco, afirmou por meio do WhatsApp à um grupo que entregou o celular corporativo à empresa com “mensagens e áudios que poderiam incriminá-lo [Bolsonaro]”.
A mensagem foi enviada em um grupo de economistas, em que Castello Branco debatia com Rubem Novaes, ex-presidente do Banco do Brasil, sobre o aumento preço dos combustíveis. Após Novaes afirmar que o ex-presidente da estatal estaria "atacando" o presidente, Castello Branco negou.
“Se eu quisesse atacar o Bolsonaro não foi e não é por falta de oportunidade (sic). Toda vez que ele produz uma crise, com perdas de bilhões de dólares para seus acionistas, sou insistentemente convidado pela mídia para dar minha opinião. Não aceito 90% deles [dos convites] e quando falo procuro evitar ataques”, afirmou.
“No meu celular corporativo tinha mensagens e áudios que poderiam incriminá-lo. Fiz questão de devolver intacto para a Petrobras”, concluiu Castello Branco. Além disso, o ex-chefe da estatal não informou quais seriam os tipos de crimes em que continha provas.
A vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, pediu ainda que Novaes também seja ouvido sobre o caso. Em ofício, a PGR aponta que pretende esclarecer quais mensagens e áudios estavam no celular corporativo e como poderiam incriminar Bolsonaro, “além de explicar por qual motivo não os apresentou às autoridades competentes quando da primeira oportunidade possível”.
“Os elementos apresentados até o presente momento não comportam convicção ministerial suficiente para a instauração da investigação pleiteada. Todavia, o diálogo mantido e de teor não negado pelos interlocutores suscita maiores esclarecimentos que podem nortear providências investigativas não açodadas ou temerárias”, explicou Lindôra Araújo.