PIB cai 0,1% no 3º tri e deixa economia brasileira em recessão técnica

A conjuntura de inflação alta e risco fiscal segurou o resultado da economia

Por Da Redação
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PIB cai 0,1% no 3º tri e deixa economia brasileira em recessão técnica

Foto: Pixabay

O avanço da vacinação contra a Covid-19 e o aumento da circulação de pessoas era esperado que a economia brasileira voltasse a crescer em um ritmo mais acelerado. No entanto, o cenário econômico apresenta estagnação. Dados divulgados pelo  Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (2) mostram que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no terceiro trimestre recuou 0,1% em comparação com o mesmo período do ano anterior.  

Com esse resultado, o país entra na chamada recessão técnica, termo que define dois trimestres consecutivos de queda na atividade, já que no 2° trimestre também houve recuo, e mostra que o caminho para a recuperação econômica será bem mais lento que o esperado. Enquanto os casos de Covid-19 diminuem, a economia tem uma conjuntura desafiadora, que ajuda a explicar o resultado das atividades.

Muito são os problemas do Brasil, um deles é em relação ao clima. A estiagem e o aumento do custo de energia fazem parte do impacto negativo na economia. A crise global também integra esse pacote e causa impactos no agronegócio e na indústria brasileira.

 Além disso, a alta da inflação, dos juros e as incertezas fiscais e políticas foram intensificadas no período de julho a setembro, o que colaborou com freio no crescimento. O resultado confirma a interrupção da recuperação vista entre o terceiro trimestre do ano ano passado e o primeiro deste ano.

O resultado do terceiro trimestre colocou o PIB no patamar do fim de 2019 e início de 2020, período pré-pandemia, e ainda está 3,4% abaixo do ponto mais alto da atividade econômica na série histórica alcançado no primeiro trimestre de 2014.

Se for colocar em valores absolutos, o PIB atingiu 2,2 trilhões de reais no terceiro trimestre. Em relação ao
terceiro trimestre do ano passado, o PIB cresceu 4,0%. No acumulado do ano até o mês de setembro, o PIB brasileiro apresenta avanço de 5,7% em relação a igual período de 2020.

Atividades 

Apesar do alta de 1,1% nos serviços, que respondem por mais de 70% do PIB nacional, o resultado do terceiro trimestre foi influenciado negativamente principalmente por conta da queda de 8,0% na agropecuária e também pelo recuo de 9,8° nas exportações de bens e serviços. Já a indústria ficou estável (0,0%). 

Segundo o IBGE, o recuo na agropecuária está relacionado a safra de soja, sendo assim, causou impacto também nas exportações.  A coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, explica que a colheita da soja, por ser muito mais concentrada nos dois primeiros trimestres, impacta no resultado.

"Como ela é a principal commodity brasileira, a produção agrícola tende a ser menor a partir do segundo semestre. Além disso, a agropecuária vem de uma base de comparação alta, já que foi a atividade que mais cresceu no período de pandemia e, para este ano, as perspectivas não foram tão positivas, em ano de bienalidade negativa para o café e com a ocorrência de fatores climáticos adversos na época do plantio de alguns grãos", relaciona Palis.

O crescimento dos serviços, maior setor do PIB, foi puxado por outras atividades (4,4%), que reúnem diversos serviços prestados às famílias, o que se relaciona diretamente a maior circulação de pessoas e a diminuição dos casos de Covid-19. "Com o avanço da vacinação contra Covid-19 e o consequente aumento da mobilidade e reabertura da economia, as famílias passaram a consumir menos bens e mais serviços.", comenta Palis.

No total, cinco atividades da categoria apresentaram crescimento: outras atividades de serviços (4,4%), informação e comunicação (2,4%), transporte, armazenagem e correio (1,2%), administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (0,8%). As atividades imobiliárias (0,0%) ficaram estáveis e apenas as atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (-0,5%) e comércio (-0,4%) registraram variações negativas.

"O comércio, que foi um dos setores mais afetados pela pandemia, teve uma forte alta no segundo trimestre, com a reabertura e, portanto, a base de comparação estava alta e as famílias também migraram parte do seu consumo para os serviços", explica Palis.

Entretanto, a indústria, que responde por cerca de 20% do PIB nacional, ficou estável (0,0%) no trimestre. Houve crescimento apenas na construção (3,9%). eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (-1,1%), indústrias de transformação (-1,0%) e indústrias extrativas (-0,4%) tiveram queda. 

"O encarecimento dos insumos e outros problemas na cadeia produtiva, além da crise energética, vêm afetando o setor industrial", ressalta Palis.

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