Polarização no tabuleiro político
Confira o nosso editorial desta terça-feira (9)

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
A decisão monocrática do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), alça a desgastante polarização ao tabuleiro político das vindouras eleições 2022. Anular todos os processos contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no âmbito da Lava Jato, bem sabia o magistrado e o mundo inteiro, era devolver os direitos políticos ao petista a uma possível pré-candidatura à Presidência da República.
O alarmismo é cognitivo. O deferimento de Fachin transformaria, como transformou, as redes sociais num campo de batalha dos extremos, mesmo que ainda existam processos no julgamento do ex-presidente para, enfim, livrá-lo das condenações sobre o sítio em Atibaia, no interior paulista. O mercado ficou temeroso.
Pelo entendimento do ministro, não era da competência da 13ª Vara Federal de Curitiba julgar supostos crimes cometidos fora de sua jurisdição. Agora, os processos contra Lula serão enviados à primeira instância da Justiça Federal de Brasília.
O trâmite é complexo e parece beneficiar também outra peça de destaque neste emaranhado político, o ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro. Ou seja, a decisão de Fachin tenta reduzir os danos da divulgação de diálogos entre procuradores da força-tarefa e Moro.
O intuito parece retirá-la do palco principal para que não seja aniquilada de vez no tribunal. É uma espécie de tacada do ministro para que a corte desacelere a vontade de anular outros casos decorrentes da Lava Jato. Uma sobrevida à operação.
Referente à polarização, o estrago está feito, diga-se pelas centenas de memes e figurinhas do Whatsapp que povoaram computadores e celulares dos brasileiros, minutos após a sentença ser amplamente divulgada. Muda a corrida presencial de 2022 e acirra os ânimos dos eventuais pré-candidatos, que inclusive se manifestaram ontem sobre um possível jogo com Lula. Um reboliço fora de hora, no linguajar popular.