Polícia identifica suspeito de matar indígena Pataxó no sul da Bahia
Vitor Souza reclamou do som alto de uma festa; ele tinha um filho recém-nascido
A Polícia Civil identificou o autor dos disparos que matou o indígena da tribo Pataxó em Ponta Grande Grande, na cidade de Porto Seguro, extremo sul da Bahia. O jovem Vitor Braz, de 22 anos, foi assassinado na segunda-feira (14).
Segundo o delegado responsável pelo caso, Wendel Ferreira, cinco testemunhas foram ouvidas e o suspeito pelo crime foi identificado. "Já temos o nome do suspeito e já estamos fazendo diligencia. Vamos esperar para qualificar ele direito e pedir a prisão", disse.
Vitor era uma das jovens lideranças da tribo Pataxó na região. O assassinato ocorreu após ele reclamar do som alto, quando uma festa era realizada nas proximidades da praia de Ponta Grossa. Segundo os pataxós, o local onde ocorria o evento é um território indígena ainda não homologado.
O jovem foi enterrado na tarde de segunda-feira (14).
Ao ser baleado, Vitor chegou a ser socorrido e encaminhado para o Hospital Luís Eduardo Magalhães, em Porto Seguro, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.
Vitor era neto do primeiro cacique da aldeia Novos Guerreiros, e neto da pajé Japira. E seu filho nasceu há pouco mais de 30 dias.
Um dos produtores do evento chamado Sigilo Fest, Bell Cast, lamentou o ocorrido e disse que o crime não ocorreu dentro da área do evento. Ele se colocou à disposição para ajudar na resolução do crime e reforçou o pedido por justiça.
"Aconteceu uma coisa bem triste no evento e quero deixar bem claro que eu e o pessoal que fizemos a festa lá estamos à disposição para descobrir quem foi que fez. O pessoal da casa não esclareceu que ali era uma área indígena, mas vieram até a a gente e acabou mais cedo, mas infelizmente acabou acontecendo algo muito difícil", disse organizador do evento, em seu perfil no Instagram.
De acordo com testemunhas, Vitor e outros indígenas foram ao local da festa para pedir que o organizador diminuísse o volume do som. Isso porque há "um regimento que diz que as festas não podem passar do horário e as lideranças que estavam perto pediram para parar o barulho e ele não voltou vivo para casa", disse o cacique Syratã Pataxó.
A Polícia Civil segue com as diligências para prender o autor do crime.