Presidente ucraniano critica resposta de Putin à rebelião do grupo Wagner e aponta perda de controle
Entrevista revela preocupações de Zelensky sobre a autoridade de Putin e o futuro da Ucrânia
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky expressou suas críticas à resposta de Vladimir Putin diante da rebelião armada do grupo Wagner, descrevendo-a como "fraca" e afirmando que o líder russo está perdendo o controle sobre seu próprio povo. A entrevista ao CNN será publicada nesta quarta-feira (5), trazendo à tona as preocupações de Zelensky sobre a atual situação política.
No mês passado, Putin enfrentou uma das maiores ameaças à sua autoridade em duas décadas, quando Yevgeny Prigozhin, chefe do grupo paramilitar Wagner, liderou um levante de curta duração, reivindicando o controle de instalações militares em duas cidades russas e avançando em direção a Moscou antes de concordar em depor as armas.
Zelensky, em entrevista gravada no último domingo (2), afirmou que a reação de Putin revela sua falta de controle sobre a situação. A audácia do grupo Wagner em avançar dentro da Rússia e tomar regiões específicas demonstra como é fácil desafiar a autoridade do presidente russo. Zelensky destacou que a estrutura vertical de poder que Putin costumava ter está desmoronando.
Durante o levante, algumas pessoas na Rússia manifestaram apoio aos combatentes do grupo Wagner, enquanto Prigozhin desafiava a autoridade de Putin. Um vídeo verificado pela CNN mostrou multidões aplaudindo quando o veículo do líder do Wagner partiu da cidade de Rostov-on-Don, no sul, em 24 de junho.
Zelensky revelou que relatórios de inteligência ucranianos indicaram que o Kremlin estava avaliando o apoio a Prigozhin, afirmando que metade da Rússia apoiou o líder do Wagner e a rebelião do grupo paramilitar. A entrevista com Zelensky ocorre em um momento crucial, após a tentativa fracassada de insurreição por Prigozhin, e em meio aos esforços contínuos da Ucrânia para recapturar o território ocupado pela Rússia.
Esses esforços estão sendo acompanhados de perto por aliados ocidentais, e o recente encontro do chefe da Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA), Bill Burns, com Zelensky e funcionários da inteligência ucraniana tem gerado interesse. Zelensky expressou surpresa com a divulgação desse encontro pela mídia, afirmando que a comunicação com a CIA deveria ser sempre realizada nos bastidores. No entanto, destacou a importância do diálogo com Burns sobre as necessidades e ações da Ucrânia.
Enquanto a Ucrânia busca recuperar seu território, Zelensky enfatizou que o objetivo final é libertar a Crimeia, península anexada pela Rússia em 2014 em violação ao direito internacional. Ele ressaltou que a guerra ainda não acabou enquanto a Crimeia permanecer sob ocupação russa e enfatizou que a paz sem a devolução da Crimeia não seria uma verdadeira vitória para a Ucrânia.