Principal linha de investigação aponta metanol usado na higienização de garrafas como responsável pela contaminação
Laudos iniciais já confirmaram presença da substância em parte das amostras

Foto: Pablo Jacob/Governo de São Paulo
A Polícia Civil de São Paulo apura se fábricas clandestinas utilizaram metanol na limpeza de garrafas antes do envase de bebidas alcoólicas, em meio ao aumento de casos de intoxicação registrados nos últimos dias. A hipótese é tratada como a principal linha de investigação.
Segundo fontes ligadas ao caso, o produto, que não é comercializado no Brasil para esse fim, teria sido usado puro ou misturado ao etanol, em garrafas reaproveitadas e falsificadas. O trabalho das autoridades partiu dos bares onde ocorreram as primeiras ocorrências, avançou para distribuidoras e, posteriormente, chegou a locais de produção irregular.
Na sexta-feira (3), o Instituto de Criminalística (IC) anunciou a criação de uma força-tarefa para analisar as garrafas recolhidas durante fiscalizações. Mais de mil unidades foram apreendidas pela polícia e pela Vigilância Sanitária, sendo que cerca de 250 já estão em análise laboratorial.
O diretor do Núcleo de Química do IC, Mauro Renault, explicou que o processo envolve duas etapas. Primeiro, os peritos verificam selo, rótulo e vedação das embalagens, a olho nu e com equipamentos específicos. Em seguida, o líquido é submetido a análises químicas para identificar as substâncias presentes. Até agora, dez amostras passaram pelos exames, e duas testaram positivo para metanol.
“Os laudos são remetidos para a Polícia Civil, que segue com apurações minuciosas para esclarecer os casos de falsificação de bebidas”, informou a Secretaria da Segurança Pública em nota.
Diferente do etanol, que compõe as bebidas alcoólicas, o metanol é altamente tóxico e sem características perceptíveis de cor, odor ou sabor. No organismo, é convertido em ácido fórmico, que pode causar sintomas como tontura, visão turva e dores abdominais. A intoxicação em maiores quantidades pode levar à cegueira, falência de órgãos e morte.
Com o aumento de casos suspeitos em diferentes estados, o Ministério da Saúde instalou uma Sala de Situação nacional para coordenar ações de enfrentamento em parceria com Anvisa, vigilâncias sanitárias locais e outros órgãos federais.